Motorista acusa policiais de agressão em Ribeirão Preto

04/05/2015 08:38:00

Com hematomas pelo corpo, homem de 48 anos relata ter levado chutes, socos e golpes de cacetetes de três PMs

F.L.Piton / A Cidade
Laudo emitido pela UBDS Central aponta que José foi vítima de ‘agressão física corporal’ (foto: F.L.Piton / A Cidade)

Um homem registrou boletim de ocorrência relatando ter sido agredido por policiais militares, na madrugada de ontem, no Parque Ribeirão. Com hematomas pelo corpo, José Cícero Cavalcante, 48 anos, diz ter levado chutes, socos e golpes de cacetetes de três policiais.

“Sou nordestino. Eles chegaram a dizer que, se não tivessem testemunhas, eu nunca mais comeria minha farinha porque eles iam me matar”, acusa.

Em laudo médico expedido pela UBDS Central (Unidade Básica Distrital de Saúde), onde José buscou atendimento, o médico constatou: “Declaro que o paciente foi vítima de agressão física corporal nessa madrugada, apresentando hematomas de média extensão”.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que vai apurar o caso. José conta que estava em um bar na avenida dos Andradas, zona Norte de Ribeirão, quando, por volta das 2h30 da madrugada, o trio de policiais chegou em uma viatura. Eles teriam pedido para as pessoas que estavam no local - cerca de dez - colocarem as mãos na cabeça para uma revista. “Eu fiz tudo o que eles estavam mandando. Não sou bobo. Mas olhei para trás quando eles estavam revistando e eles já vieram para cima”, diz.

José teria sido agredido em frente ao bar. “Eles chegaram a dar um tiro no chão. Estavam muito descontrolados”, ele conta, sem, entretanto, saber o tipo de arma usada.

Após as agressões, o homem relata que tentou ir para casa. “Mas eles vieram atrás de mim. Me agrediram com força mesmo”. Os policiais teriam quebrado o celular de José e o relógio que ele usava, que se perdeu. “Foi presente do meu filho. Comprou no site. Era muito valioso pra mim”.

Na tarde de ontem, José tinha hematomas nas costas, no tórax, nas pernas, no pé e no punho. “Não estou aguentando de dor no corpo todo”. Pelo bairro, só se falava na ação da polícia. “Eles já chegaram com tudo”, disse um vizinho, que preferiu não se identificar.

Além de registrar boletim de ocorrência, José pretende procurar a Corregedoria da Polícia. “Eles não podem ficar impunes assim. Ainda que eu tivesse desacatado, era só me prender. É a lei”.

José é motorista de caminhão, veio de Maceió para Ribeirão há mais de 20 anos para buscar uma vida melhor e tem quatro filhos. “Eu estava tomando minha cerveja. Estava tudo tranquilo. A gente vê toda hora na televisão esse despreparo da polícia... Estou decepcionado. A polícia não é para isso”.

Delegacia Seccional vai investigar o caso

A Delegacia Seccional de Ribeirão Preto, por meio da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, informou que o caso será investigado em um inquérito policial “que tramitará pela própria unidade”.  

“Todos os fatos serão apurados e caso a investigação constate qualquer irregularidade na conduta policial, a Corregedoria da Polícia Militar será informada para também apurar o caso”, informou a pasta em nota. 

No dia 1º de março, o A Cidade publicou a denúncia de um enfermeiro, que também registrou boletim de ocorrência contra policiais militares. O homem relatou ter sido ameaçado de morte, algemado e agredido durante uma abordagem no Jardim Nova Aliança. Ele afirma que chegou a desmaiar ao receber uma “gravata” de um PM.  



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