Polícia Federal prende acusados de lavar R$ 600 milhões

06/03/2015 10:33:00

Entre os 37 presos ontem pela Operação Bemol da PF estão um homem e uma mulher de Ribeirão Preto

A Operação Bemol da Polícia Federal, deflagrada ontem em quatro Estados do País, prendeu duas pessoas em Ribeirão acusadas de integrar uma quadrilha que usava doleiros para lavar dinheiro e comprar drogas e mercadorias contrabandeadas do Paraguai.

O esquema teria movimentado mais de R$ 600 milhões nos últimos quatro anos. Parte do dinheiro era reinvestida no esquema para a aquisição de mais drogas e mercadorias. Outra era usada para a aquisição de bens, como veículos de luxo.

Um homem e uma mulher, de Ribeirão Preto, que não tiveram as identidades reveladas, são acusados de atuar como “laranjas” no esquema e foram presos no início da manhã. Eles são acusados de atuarem como laranjas do grupo, pois teriam emprestado seus nomes para abertura de empresas de fachada.

Ambos tiveram a prisão temporária decretada. Uma terceira pessoa também de Ribeirão foi ouvida e liberada após dar depoimento.

Durante a operação, foram cumpridos 30 mandados de prisão temporária, 7 preventivas e 23 de condução coercitiva. Dentre os 37 presos, estão quatro homens.

Também foram apreendidos cinco veículos, uma arma de calibre 38, dez munições, R$ 62.350,00 e 400 dólares, além de vários aparelhos celulares, computadores e documentos.

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Modus operandi
O esquema era comandado por quatro pessoas com residência fixa no oeste do Paraná – três delas em Foz do Iguaçu e uma em Cascavel. Entre os líderes estavam um professor universitário, um doleiro e um empresário.

O grupo utilizava contas bancárias de 87 empresas – a maioria delas fictícias e de vários ramos como de hotelaria e de venda de bebidas – para receber valores de clientes de diversos Estados interessados em adquirir mercadorias, drogas e cigarros do Paraguai.

O dinheiro do esquema era levado para o país vizinho passando pela Ponte da Amizade e, no Paraguai, e lá era trocado por dólar para pagar fornecedores de drogas, cigarros e mercadorias.

As prisões temporárias têm prazo de cinco dias e podem ser prorrogadas pelo mesmo período.

A operação foi deflagrada em dez cidades nos Estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Ao todo, 230 policiais federais e 30 servidores da Receita Federal estiveram envolvidos na ação.

Termo musical passa ideia de intermediários
A operação foi batizada de Bemol por possuir o mesmo propósito da Operação Sustenido, deflagrada há menos de um ano pela Polícia Federal e pela Receita Federal em Foz do Iguaçu, que desarticulou organização criminosa especializada na prática dos mesmos delitos investigados na ação deflagrada ontem.

A expressão Bemol é uma referência à teoria musical, visto que o sustenido e o bemol representam uma nota intermediária entre duas outras notas musicais.

O papel das organizações criminosas descortinadas pelas Operações Sustenido e Bemol era o de fazer a ligação entre traficantes de droga, “cigarreiros” e empresários brasileiros, com os fornecedores de tais produtos residentes no Paraguai. Os fornecedores paraguaios enviam seus produtos ilícitos para o Brasil depois de serem pagos para isso.



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