Golpista exigiu até R$ 20 mil de vítimas

30/01/2015 09:33:00

Garçom de Jaboticabal foi indiciado ontem por mais cinco crimes de extorsão e dois de pedofilia; ele nega as acusações

 A 1ª Delegacia de Defesa da Mulher de São Paulo identificou mais 32 vítimas do garçom e ambulante Homero Baptista Aparecido, 24 anos, de Jaboticabal, acusado de extorquir mulheres pela Internet.

De acordo com a polícia, o garçom utilizava perfis falsos em redes sociais e sites de relacionamento para seduzir as vítimas, as convencia a fazer fotos e vídeos íntimos e, depois, as chantageava para não espalhar o material na Internet ou enviar aos familiares delas.

Segundo a delegada Celi Paulino Carlota, as mulheres pagaram entre R$ 450 e R$ 20 mil para não ver as imagens na rede. Cinco das vítimas já depuseram no inquérito instaurado pela delegada e outras 27 registraram boletins de ocorrência denunciando o homem.

Homero foi indiciado anteontem por extorsão, cuja pena varia de quatro a dez anos de reclusão. Em dois casos, ele vai responder também pelo artigo 241-D do (ECA) Estatuto da Criança e do Adolescente, porque duas vímas eram menores de idade. Ele negou todas as acusações.

O ECA prevê pena de 1 a 3 anos de reclusão e multa para os condenados por “aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso”.

Homero também é investigado pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa e Divisão Antissequestro, ambos de São Paulo e pelo 1º DP de Jaboticabal. Na semana passada, ele foi indiciado por extorquir outras cinco vítimas. Até agora, a Polícia Civil já contabilizou 38 vítimas.

380 anos

O promotor de justiça Marcus Tulio Alves Nicolino diz que, se comprovada a continuidade delitiva do crime de extorsão, a pena é aumentada de 1/6 a 2/3. Porém, se o juiz entender que os delitos são autônomos, as penas para cada uma das extorsões são somadas. Neste caso, se condenado por todos os crimes, Homero pegará até 386 anos de prisão.

Selma (nome fictício), 47 anos, é uma das mulheres que caiu no golpe do garçom. Ela acessou um site de relacionamento e começou a conversar com o homem, que se apresentava como Leandro Vilela. “Ele parecia inteligente, disse que morava em Ribeirão e que era gerente de uma agência de viagens”, afirma.

Selma adicionou o rapaz no Skype e acabou ficando nua em frente à câmera sem imaginar que ele gravava tudo. “Fomos criando uma certa intimidade e eu me mostrei para ele”, relata.

Algum tempo depois, o ambulante começou a chantageá-la. “Ele abriu o jogo e falou que ia mandar os vídeos para o meu marido, para a minha filha e os amigos dela se eu não desse dinheiro para ele”, destaca.

‘Ele ficou me torturando’

Selma, que morou em Ribeirão Preto por dez anos e atualmente vive em São Paulo com o marido e dois filhos, de 19 e 8 anos, conta que ficou desesperada quando o golpista passou a ameaçá-la. 

“Comecei a chorar. Não queria expor a minha filha. Ele ficou me torturando, não conseguia comer nem dormir.”

Como era domingo, Selma prometeu ir ao banco no dia seguinte para fazer  um depósito de R$ 1 mil, mas, convencida de que a chantagem continuaria após o pagamento, se dirigiu à DHPP com o marido. “Ele perguntava quanto custava o sossego da minha filha. Fui muito ingênua e inocente”, diz.

O verdadeiro Leandro Vilela também lamenta o ocorrido: “Existem processos judiciais no meu nome por coisas que eu não fiz. Tenho que provar que não sou eu”.



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