Gado de Zuely Librandi vai a leilão judicial

20/06/2018 08:34:00

Filho da advogada, Leandro Librandi, nomeado fiel depositário dos bens enquanto ela está presa em Tremembé, pede desde março que os animais sejam leiloados

Símbolo: Fazenda de Zuely foi comprada com dinheiro dos honorários (foto: Mastrangelo Reino / A Cidade - 02.dez.2016)


As cabeças de gado e o maquinário agrícola da fazenda em Cajuru de Zuely Librandi, um dos símbolos da Operação Sevandija, irão a leilão judicial antes mesmo de um desfecho no processo dos honorários advocatícios que tem como um dos réus a ex-prefeita Dárcy Vera.  

O filho da advogada, Leandro Librandi, nomeado fiel depositário dos bens enquanto ela está presa em Tremembé, pede desde março que os animais, por ele avaliados em cerca de R$ 1 milhão, sejam leiloados. Na sexta-feira passada (15), o Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado) reforçou a solicitação. O juiz Lúcio Ferreira, responsável pela Sevandija, deve validar o leilão nos próximos dias.  

Há duas semanas, Leandro juntou nos autos do processo laudo de um médico veterinário por ele contratado, apontando que os animais "apresentam sinais de fraqueza, anemia, debilidade, dificuldade de locomoção, prostação e apatia", e alerta que "o óbito é inevitável, visto a debilidade geral".  

Ao A Cidade, Librandi afirmou que a produção de leite do rebanho não é suficiente para pagar os custos. "Estamos em situação precária. Já ocorreram, inclusive, mortes de animais devido à alimentação inadequada", afirmou.  

Quando a Sevandija foi deflagrada, havia 153 cabeças leiteiro ou de corte, além de 29 bezerros.
Entretanto, o número atual é menor pois, segundo Leandro, cerca de 30 cabeças foram furtadas no início do ano, além de mortes que ocorreram.

Deliberado  

Já o Gaeco suspeita que os animais estão sendo extraviados deliberadamente para driblar o bloqueio judicial, conforme verificado em operação conjunta com a Polícia Federal no início do ano.  

Os promotores, no pedido protocolado há cinco dias, citam "a possibilidade de ocorrerem desvios [dos animais], maus-tratos, furtos, substituição por menor valor e, até mesmo, deliberado vandalismo, isso tudo sem que possamos tomar conhecimento a tempo de adotar alguma providência inibitória".  

O Gaeco pediu para que Leandro "esclareça, em dez dias, o desfalque nas cabeças de gado", e diz que, se for "provado dolo ou culpa, implicará o dever de indenizar, na proporção da avaliação de cada animal".  

Gaeco investiga sumiço  

Em 1 janeiro de 2018, Eduardo Librandi registrou boletim de ocorrência em Cravinhos, na delegacia em que seu irmão é delegado titular, informando que uma quadrilha armada com metralhadores entrou na fazenda e roubou "cerca de 30 vacas leiteiras".  

Um mês depois, o Gaeco recebeu denúncia anônima de que alguns animais de Zuely eram negociados a pecuaristas por um homem de outra fazenda, em Cajuru. No local, integrantes do Gaeco encontraram 21 vacas e conseguiram a confissão informal desse homem, dizendo que uma funcionária da fazenda de Zuely havia repassado o rebanho.  

Ele ofereceu, ao agentes públicos, cada cabeça por R$ 5,5 mil. Depois que os compradores se identificaram como membros do Gaeco, o homem voltou atrás: os animais apenas estavam lá apenas para serem ordenhados. Relatório do Gaeco aponta que, informalmente, uma funcionária disse ter ouvido de um homem encapuzado, durante o assalto que teria ocorrido em janeiro, que "estavam lá a mando da patroa deles e do advogado dela, que mandou buscar o gado para a PF não levá-lo". 

Criminalizado  

Ao A Cidade, Leandro diz que o gado foi levado para a outra fazenda justamente para se alimentar, dada a estrutura precária da fazenda da mãe. "Houve uma atitude inconsequente do Gaeco de retirar o gado daquele local, o que colaborou para morte de algumas cabeças". Ele reclamou, em entrevista há três meses, que estava sendo criminalizado pelo Gaeco.  

"A Justiça me nomeou como fiel depositário. Sempre estive à disposição para prestar contas, mas isso nunca me foi solicitado. E, quando denuncio um crime [roubo], passo a ser tratado como suspeito".



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