Suspeita de aplicar golpe da casa própria é presa em Ribeirão

03/09/2015 20:57:00

Polícia Civil acredita em ação de quadrilha; 100 pessoas podem ter sido vítimas

Reprodução / EPTV
Edvânia foi detida em casa e levada para a DIG nesta quinta-feira (Foto: Reprodução / EPTV)

A Polícia Civil prendeu uma mulher suspeita de aplicar golpes em pessoas interessadas em financiar a casa própria em Ribeirão Preto. Edvânia Cristina da Silva, de 39 anos, foi detida em sua residência.

O delegado Ricardo Turra, da DIG (Delegacia de Investigações Gerais), acredita na ação de uma quadrilha. 

Segundo a polícia, ao fechar o negócio, o grupo pedia para que as vítimas depositassem o dinheiro da entrada do imóvel na conta de algum dos integrante. A polícia estima que entre 50 e 100 pessoas tenham sido vítimas.

Uma idosa de 72 anos também é suspeita de pertencer ao grupo. Ela se passava por corretora.

De acordo com o delegado, outra suspeita foi presa em 2013 por estelionato. O namorado dela também é suspeito.

“Eles aplicavam o golpe fazendo a intermediação na venda entre duas pessoas de bem, sendo o vendedor e o comprador. Após a negociação, os compradores depositavam o dinheiro da entrada na conta de alguém de grupo e aí o golpe era aplicado, porque eles pegavam esse dinheiro da entrada”, afirma Turra.

Edvânia teria confessado à polícia ser sócia de uma das suspeitas, mas negou que teria aplicado os golpes.

O grupo tinha um escritório no bairro Ribeirânia, zona Leste de Ribeirão, com uma placa da Caixa Econômica Federal.

Os suspeitos negociavam um imóvel entre o comprador e o vendedor e pegava toda a documentação necessária para a aprovação do crédito.

Segundo a polícia, o holerite das vítimas e o comprovante de Imposto de Renda (IR) e o guia DARF (Documento de Arrecadação de Receitas Federais) eram falsificados para conseguir aprovar o financiamento.

Quando o dinheiro era aprovado, o grupo contatava os clientes e solicitava o depósito da entrada do imóvel. Após o depósito, os suspeitos afirmavam aos clientes que a documentação estava enrolada, por isso ocorria a demora.

Sonho interrompido

O casal Rogério e Cristina viu o sonho da primeira casa própria virar um pesadelo. Cristina está grávida de sete meses e o casal tem outros dois filhos.

O prejuízo chegou a R$ 50 mil e o golpe só foi descoberto nesta quinta após a prisão de Edvânia. “Não estou acreditando até agora. Nós acabamos de descobrir. Estávamos morando com nossos pais porque esperamos a nossa casa”, afirma Cristina.

Outro casal, que não quis se identificar, está com o casamento agendado para novembro e agora não tem moradia. Eles perderam R$ 6,2 mil para o grupo.

“Era para ser uma surpresa para os nossos pais. Queríamos compartilhar isso e agora vamos nos casar e não temos casa”, afirma.

Outra vítima contou que foi a primeira a suspeitar do golpe. Ela chegou a depositar R$ 34,9 mil na conta dos suspeitos e desconfiou da demora na negociação da casa. “Para aprovar o crédito leva 90 dias. Mas eu fui atrás, desconfiei e descobrir que era um golpe”, conta.

Experiente na área, Vicenti Cardinale foi contatado pelo grupo para que vendesse um imóvel.
Ele não desconfiou do golpe pelo conhecimento de uma das suspeitas em vendas. “Eu já vendi mais de 100 imóveis. Então conheço os trâmites. Quando eu a questionava, ela respondia tudo, sabia de tudo, era muito informada sobre o assunto”, afirma.

Cardinale precisou bloquear o imóvel para que a suspeita não utilizasse a casa. “Com isso tive prejuízo de R$1.100”, afirma.

O delegado Ricardo Turra disse que dificilmente as vítimas conseguirão o dinheiro de volta “No mesmo dia em que as vítimas depositavam o pagamento na conta dos suspeitos eles já retiravam, por isso será difícil a recuperação desses bens”.

Banco

Segundo o correspondente da Caixa Econômica Federal Júnior Garzeli, nenhum suspeito de integrar o grupo é representante do banco. “Ela [Edvânia] se apresentava para nós como corretora, porque nós prestamos serviço ao corretor”, afirma.

Segundo ele, ao apresentar a documentação, é pedido o laudo da engenharia do imóvel e Edvânia não teria feito o pagamento por nenhum desses laudos.

O correspondente afirma que para não cair em um golpe como este o comprador deve verificar no site das agências de crédito se o nome do correspondente consta no sistema e se ele é autorizado. (Colaborou: Rafaela Alves)



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