Crise: Dedini demite 70 funcionários

18/07/2014 22:26:00

Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos, cerca de 2 mil trabalhadores já perderam seus empregos desde o final de 2013

Matheus Urenha / A Cidade
Valdemir Caldana: situação do setor é precária (Foto: Matheus Urenha / A Cidade)

Sertãozinho sofre mais um revés do setor sucroenergético com a demissão de 70 funcionários da Dedini Indústrias de Base. O desligamento foi realizado no dia 3 de julho. 

Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos da cidade, cerca de 2 mil trabalhadores já perderam seus empregos desde o final de 2013 até agora. E a situação ainda pode piorar.

Valdemir Caldana, integrante da administração judicial do Sindicato dos Metalúrgicos da cidade, diz que há previsão de mais demissões. “Temos informações de que mais empresas estão no mesmo caminho e que algumas não fecharam ou não fizeram a dispensa de trabalhadores por não terem dinheiro para arcar com a rescisão”, afirma. “A situação do setor é precária, é desesperadora”, completa.

Nesta sexta-feira (18), representantes da Dedini se reuniram com os trabalhadores demitidos e fizeram a proposta de pagamento da rescisão sem a multa de 40% do FGTS em até dez parcelas, sendo a primeira em 20 de agosto.

“Não aceitamos esse tipo de flexibilização de direitos trabalhistas sem benefício financeiro incluso. Então, a proposta não foi aceita pelo sindicato”, diz.

Assim, segundo Caldanha, foi impetrada uma medida cautelar na Justiça pedindo a reintegração dos trabalhadores, bem como o bloqueio de contas bancárias da empresa. “Não podemos permitir que eles dispensem o trabalhador sem nenhum amparo, sem nenhum pagamento. Esse tipo de atitude é ilegal, inconstitucional e fere a dignidade humana”, acrescenta.

Outro lado

Em nota, a Dedini Indústrias de Base salienta que o setor sucroenergético atravessa já há alguns anos um período bastante crítico. “Após a entressafra, e com a continuada ausência de novos investimentos, alguns ajustes de pessoal fizeram-se necessários na Dedini. Importante salientar que os pagamentos mensais de salários estão em dia.A Dedini pretende manter sua capacidade produtiva para atender a uma necessária retomada econômica do setor”, completa a nota.

Desemprego afeta do comércio à saúde na cidade

“Esta é a pior crise dos últimos tempos”, opina Hormilton dos Santos, caldeireiro da Dedini desde 1976 e um dos demitidos em 3 de julho. “Somando todas essas demissões em massa e multiplicando pelos salários, o montante de dinheiro que deixa de circular em Sertãozinho é enorme. Todo mundo sai perdendo”, completa.

Para Valdemir Caldanha, todas as instituições de Sertãozinho estão sentindo os reflexos das demissões.

“Desde o comércio até o sistema público de saúde tem sofrido com o desemprego”, afirma.

Segundo o caldeireiro, na terça-feira (9) haverá nova reunião no Sindicato dos Metalúrgicos para saber o parecer do juiz e tomar as próximas medidas cabíveis.



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