Morte por meningite gera revolta em Franca

20/08/2014 09:48:00

Mãe diz que procurou atendimento médico desde segunda, mas o bebê só foi internado seis dias depois

Reprodução / EPTV
Santa Casa de Franca, onde o bebê Miguel Schenti de Oliveira (no detalhe) deu entrada no domingo e morreu algumas horas depois (Foto: Reprodução / EPTV)

A Secretaria de Saúde de Franca vai apurar se houve negligência no atendimento do bebê Miguel Schentl de Oliveira, 1 ano. A criança morreu com suspeita de meningite na madrugada de ontem, na Santa Casa local.

A mãe da criança diz que Miguel começou a passar mal na segunda-feira passada, quando ela procurou o primeiro atendimento médico para o filho na UBS (Unidade Básica de Saúde) Jardim Aeroporto, em Franca, mas o bebê só foi internado no domingo.

“Não sei nem quem culpar no momento, foi uma semana procurando atendimento e ele acabou morrendo”, diz a mãe.

A avó do bebê, a auxiliar de enfermagem Neide Aparecida Schentl, diz ter certeza de que o atendimento deixou muito a desejar.

“A gente chegou lá uma vez com a minha filha e meu neto já estava desfalecido no domingo, no Pronto-Socorro. Minha filha foi à 1h da madrugada, voltou às 7h da manhã e ficamos até as 19h esperando a liberação de uma vaga na Santa Casa. Ficamos num quartinho fechado sem poder sair, colocaram máscara no meu neto. Só aí que suspeitaram da meningite”, conta.

Segundo a avó, somente na Santa Casa de Franca foi feito o exame de coleta do líquor (líquido encontrado no cérebro) que diagnosticou a meningite.

“Antes disso meu neto passou no posto de saúde até três vezes e só receitavam amoxilina e mandavam para casa. Falaram que era o ouvido, a garganta, ninguém desconfiou de meningite antes disso”.

A avó sustenta que a meningite foi mascarada e deveria ter sido feito um exame mais preciso. “Ninguém cogitou que poderia ser meningite no posto de saúde, só quando meu neto estava entre a vida e a morte que descobriram”.

Segundo o setor de comunicação da prefeitura, Miguel passou por atendimento no Pronto-Socorro Infantil e foi encaminhado para internação pelo médico.

A pasta está analisando os prontuários das unidades onde o paciente foi atendido para posterior manifestação.

Casos

Este ano é o segundo caso de meningite em Franca, o primeiro com morte. O delegado regional do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), Ulisses Menincucci, informou que será aberta uma sindicância para apurar se houve negligência médica neste caso. “Convocaremos os médicos envolvidos para serem feitas as manifestações. Só depois disso teremos uma conclusão”, disse. (Com EPTV)

Ribeirão teve seis mortes

Dados da Vigilância Epidemiológica mostram que neste ano, até dia 13 de agosto, foram registrados 67 casos de meningite em Ribeirão Preto, com seis mortes. Entre os anos de 2007 e 2013, a doença acometeu 887 pacientes, com 79 mortes.

A meningite é uma infecção grave que resulta na inflamação das membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal.

Segundo o infectologista Benedito Lopes da Fonseca, quanto mais rápido for feita a procura por auxílio médico a partir dos sintomas, melhor será o prognóstico da doença.

“A meningite pode deixar uma série de complicações, como sequela auditiva, perda no aprendizado, causar hemorragias por todo o corpo e perda funcional de membros, inclusive pode levar à morte”.

 



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