Nos últimos 30 dias, foram 144 registros de incêndios em Ribeirão e região

18/09/2014 09:20:00

Em média, são quatro casos de fogo em áreas verdes todos os dias

Tiago de Brino / Especial
Focos de incêndio foram registrados na mata de Santa Tereza e Bombeiros tiveram de voltar ao local (foto: Tiago de Brino / Especial)

A quantidade de focos de queimada deu um salto e foi responsável por 144 ocorrências de incêndio na região de Ribeirão Preto nos últimos 30 dias. No mesmo período do ano passado, foram registrados apenas 30 casos – crescimento de 79,16% neste ano.

Veja fotos: Fogo atinge Fazenda Experimental

O monitoramento é feito pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mas há ainda subnotificação, pois os satélites detectam somente os focos com extensão mínima de 30 metros.

O crescimento no número de ocorrências de queimadas no município de Ribeirão Preto também é gritante. Enquanto nos últimos 30 dias foram registrados 16 incêndios no município, entre os dias 17 de agosto e 17 de setembro do ano passado, houve apenas uma ocorrência do tipo.

O comandante operacional do Corpo de Bombeiros na microrregião de Ribeirão, capitão Rodrigo Quintino, cita o tempo extremamente seco e as altas temperaturas como os principais vilões.

Ele frisa, no entanto, que a falta de educação ambiental de uma parte da população é um fator desencadeante das ocorrências de queimadas.

“A população tem de ser parceira na prevenção, mas notamos que ainda não há uma consciência plena. As pessoas não devem atear fogo em mato para limpeza porque uma simples fagulha pode se alastrar e causar um grande incêndio. Como o mato está muito seco, qualquer fonte de calor pode ocasionar incêndio”, alerta.

A umidade relativa do ar estava na casa dos 23% às 14h de ontem, o que coloca Ribeirão em estado de atenção. Na semana passada, o índice atingiu níveis do deserto do Saara (menos de 10%) na cidade – estado de emergência.

De novo
Ontem, uma equipe do Corpo de Bombeiros ainda controlava focos de incêndio que atingiram novamente a Mata de Santa Tereza, zona Sul de Ribeirão.

A reserva voltou a pegar fogo depois que 50 hectares – equivalente a 50 campos de futebol – foram destruídos durante três dias, entre a noite de 31 de agosto e a tarde de 3 de setembro.

Também no Anel Viário, foram registrados focos de incêndio na Fazenda Experimental, ontem. Na Fazenda de Zootecnia, na avenida Bandeirantes, também houve chamas. 

Arte / A Cidade
Infográfico mostra os focos de incêndio em Ribeirão e região (Arte / A Cidade)

Fogo em rodovia: cuidado redobrado

O comandante operacional do Corpo de Bombeiros na microrregião de Ribeirão, capitão Rodrigo Quintino, alerta que as queimadas na beira de rodovias nesta época do ano são as principais causas de acidentes.

A orientação é que, ao avistar ao longe a fumaça na pista, o condutor inicialmente acenda a lanterna. Depois, deve parar no acostamento ou acessar alguma vicinal (se houver) e parar o carro. 

“Ele jamais deve parar no meio da pista. Caso a fumaça seja leve e ainda dê visibilidade, precisa diminuir a velocidade e acender a lanterna para atravessar. Se estiver em dúvida, melhor não atravessar. Se for parar no acostamento, deve ligar o pisca-alerta.”

Um incêndio em um canavial às margens da rodovia Anhanguera (SP-330), no quilômetro 368, em Orlândia, interditou os dois sentidos da pista. 

Segundo a concessionária Vianorte, a liberação dos veículos ocorreu somente às 15h50. Caminhões-pipa de uma usina da região ajudaram os Bombeiros a controlar as chamas. 

Problemas se agravam

O pneumologista Álvaro Gradim explica que os problemas respiratórios, como a asma, sinusite, rinite, bronquite e traqueíte, se agravam quando a pessoa aspira a fuligem, principalmente no período da noite. “A fuligem é duas vezes mais nociva que a poeira de terra, pois traz fungos junto com ela”, compara.

O calor do dia faz o ar poluído subir. À noite, as partículas descem e os problemas são agravados. 

O ambientalista Paulo Finotti vai além. Segundo ele, a fagulha de cana, principalmente, produz componentes que podem causar câncer. “Agrotóxicos aplicados na plantação são compostos de cloro. Quando ocorre a queimada, há uma mudança na composição e outros compostos clorados altamente cancerígenos se formam pelo processo químico da pirólise. Isso pode irritar as mucosas e chegar ao pulmão ou ao sangue.”

O médico Álvaro Gradim diz que não é recomendado varrer a fuligem. “O ideal é usar água para diluir.”



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