Patrimônio que é alvo do vandalismo

17/09/2014 09:28:00

Os espaços públicos considerados históricos na cidade mostram os sinais da má conservação e da ação de vândalos

Weber Sian / A Cidade
Na Praça da Bandeira, tombada pelo Conppac, cercas tortas e pichações mostram a depreciação. Clique na imagem para conferir galeria de fotos (Foto: Weber Sian / A Cidade)

Nem as praças tombadas como patrimônio histórico escapam do vandalismo e da má conservação. Pichações, sujeira, presença de andarilhos, bancos quebrados e até despacho mancham o cenário dos espaços públicos visitados ontem pela reportagem – praças Sete de Setembro, Coração de Maria, Camões e da Bandeira.

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A situação é mais crítica na praça Sete de Setembro, região central de Ribeirão Preto. Todas as lixeiras estão pichadas e há diversos bancos com o encosto quebrado. Mendigos dormem no local em plena luz do dia e os orelhões estão pichados.

O coreto, utilizado nas noites das últimas sextas-feiras do mês pelo Sexteto Colibri, está completamente tomado pelas pichações. A depreciação abre brecha para mais falta de educação – o coreto é utilizado como banheiro público a céu aberto.

“É constrangedor vermos essa situação. Não adianta pintar. A prefeitura sempre pinta o coreto na época do aniversário da cidade, mas no dia seguinte já está tudo novamente pichado. Tudo o que é feito de benfeitoria nessa praça é detonado”, sentencia Gilberto Vicente de Paula Gomide, 63 anos, músico que integra o Sexteto Colibri.

Há menos de um ano, segundo Gilberto, os integrantes do sexteto tiveram que jogar água sanitária no local antes da apresentação para terem condições de tocar. “O cheiro estava insuportável, fizeram necessidades lá, quase não conseguimos nos apresentar”, lembra. Para Gilberto, a solução para manter a praça conservada estaria na presença de uma segurança 24 horas do local.

Nostalgia

O aposentado Jeremias Sando, 79 anos, mora a apenas uma quadra da praça Sete de Setembro e cita com nostalgia a época em que o espaço público era bem conservado. “Aqui era tudo bem bonito e bem arrumado”, relembra Jeremias, olhando no vazio onde havia uma trepadeira para fazer sombra a dois bancos no meio da praça. Hoje sobrou apenas o vão onde ficavam as plantas. “Tem gente usando drogas de dia e à noite”, acrescenta.

A reportagem flagrou a poucos metros do local, ao lado de uma árvore, frutas, flores, berinjela, batata doce e a foto de uma mulher – o material sugeria algum tipo de trabalho. Sim, a falta de conservação abriu espaço até para despacho.

Falta fiscalização eficiente

Dez bancos da praça Luis de Camões, na região central, foram pintados de verde e amarelo. A prática pode ter desrespeitado o tombamento do espaço público e o caso será inicialmente apurado pelo Conppac (Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural do Município de Ribeirão).

Claudio Henrique Bauso, membro do Conppac, critica a falta de fiscais municipais. “Hoje quem fiscaliza são os membros do Conppac ou a população denuncia”.

Na mesma praça, a fonte está desativada e o obelisco com a imagem do escritor está pichado.
Canteiros também foram alvo de pichadores. Havia dois andarilhos dormindo em bancos ontem, no final da manhã.

Na praça da Bandeira, da Catedral de São Sebastião, o cercamento foi entortado em diversos pontos para servir como banco.

Os coretos estão pichados e servem de dormitório para mendigos. Além disso, uma das cabines do banheiro masculino está sem porta e a outra está interditada. Na praça Coração de Maria, na Vila Tibério, o chafariz está seco há anos e, agora, abre espaço para moradia de mendigos. Nem a banca de revistas se livrou da ação dos pichadores. A placa de revitalização do local, datada de 1994, está pichada.

Outro lado
Prefeitura promete manutenção

Questionada a respeito da manutenção, a Prefeitura de Ribeirão Preto informou, em nota, que enviará equipes aos locais para vistoriar as quatro praças em questão e, posteriormente, providenciar a manutenção. No entanto, não precisou prazos.

“A prefeitura, por meio de ação da Coordenadoria de Limpeza Urbana e da Secretaria de Infraestrutura, mantém um cronograma de manutenção das 240 praças do município. Infelizmente, os espaços públicos são prejudicados com ações de vandalismo, como pichação, furto de lâmpadas e de cabo de energia, quebra de bancos e outros”, diz, em nota.

Quando perguntada a respeito da possível contratação de vigias para preservar as praças, a prefeitura informou que a “Guarda Civil Municipal realiza o patrulhamento de todos os patrimônios públicos”.

Por fim, a administração pede para que a população, sempre que flagrar um ato de vandalismo, ligue para a Guarda Civil Municipal, no 199.



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