Mata de Santa Tereza ainda sofre com os incêndios

16/09/2014 09:39:00

Baixa umidade e ventos ajudam a proliferar chamas, especialista diz que só um 'banho em toda a mata' pode evitar novos focos

Tiago de Brino / Especial
Durante a tarde de ontem, quatro focos de incêndio foram registrados na mata de Santa Tereza e Bombeiros tiveram de voltar ao local (Foto: Tiago de Brino / Especial)

A mata de Santa Tereza, que teve ao menos 30% de seus hectares queimados em incêndio iniciado em 31 de agosto, ainda tem focos de chamas espalhados em seu interior. Ontem, foram necessárias duas equipes do Corpo de Bombeiros para controlar o fogo.

Segundo funcionários, quatro pontos de incêndio foram registrados entre as 13h e 17h. Em um deles, o A Cidade verificou que aproximadamente 3 mil m² de vegetação foram consumidos pelo fogo.

As chamas não são grandes, mas se alastram com facilidade devido ao vento e ao tempo seco. Na quinta-feira passada (11), a umidade relativa do ar em Ribeirão Preto chegou a 7,7% - abaixo da média do deserto do Saara.

Segundo Edson Montilha, gerente regional da Fundação Florestal, os funcionários do local estão em regime de plantão.

Na noite de sábado, um incêndio na área externa ao Santa Tereza acabou se alastrando para dentro do local, agravando os danos. Um funcionário explicou que há 15 dias há focos de incêndio praticamente diários na mata.

“Há muitos troncos de árvore sendo consumidos internamente pelas chamas, e com o vento ele vai se alastrando”, explicou. Os focos encontrados ontem foram controlados no final da tarde.

Segundo o professor de biologia da USP de Ribeirão Preto, Milton Groppo, a única forma de conter os focos de incêndio seria dar “um banho na mata inteira”, ou seja, uma chuva de grandes proporções.

A maior probabilidade de chuvas no município para os próximos dias, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, será neste sábado.

O biólogo Cléber Polegatto diz que os animais que não morreram carbonizados ou migraram do local são constantemente intoxicados pela fumaça dos novos focos de incêndio. “É um triste e terrível desastre ambiental”, afirma.

Região

Na noite do domingo, após seis dias de trabalhos, o Corpo de Bombeiros conseguiu conter o incêndio que destruiu cerca de 350 hectares de uma mata localizada entre Taquaritinga e Monte Alto, próxima à Rodovia Doutor Adail Nunes da Silva.

O local é considerado uma das mais importantes reservas ambientais do interior, por conter espécies do Serrado e da Mata Atlântica.

Na Rodovia Anhanguera, em Jardinópolis, um incêndio destruiu placas de sinalização e atingiu um carro que ajudava no combate ao fogo.

Previsão de recuperação pode ser menor

O tempo de recuperação da Mata de Santa Tereza pode cair pela metade com a utilização de contrapartidas exigidas das empresas para aprovação de licenciamento ambiental.

A proposta foi apresentada ontem, em reunião realizada em Marília por representantes da Fundação Florestal, entidade vinculada ao governo estadual responsável pela mata.

Segundo Edson Montilha, gerente regional da Fundação, a ideia é direcionar toda as contrapartidas que a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) exige das empresas, como reflorestamento de áreas, para a Santa Tereza.

“Com esse projeto, vamos acelerar a recuperação para entre 30 e 40 anos”, diz Edson. O prazo previsto, sem intervenção, era de cem anos.

A Fundação diz que, para iniciar a recuperação, serão necessários aproximadamente R$ 500 mil - cada hectare recuperado custa de R$ 10 mil a R$ 15 mil. Mais de 30 hectares foram queimados.



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