Queimadas passam de 110 só neste mês em Ribeirão Preto

27/08/2014 09:35:00

Queimas afetam vegetações naturais e canaviais, que provocam fuligens que invadem bairros

Arte / A Cidade

 

As queimadas ganham as estatísticas oficiais de infrações. Só na última segunda-feira (25), a prefeitura de Ribeirão recebeu dez denúncias de focos de queimas e aplicou quatro multas pelas infrações.

Já a Cetesb registrou 19 ocorrências desse tipo na região este ano (oito advertências e 11 multas), 14 a mais que em todo ano de 2013.

E nos primeiros 24 dias deste mês, o corpo de bombeiros foi acionado para combater cem incêndios em vegetação natural. O número supera em 11 os registros de julho.

A agente administrativo Mayane Magalhães sente na pele o aumento apontado nas estatísticas. Ela, que mora no Jardim José Sampaio, na zona Leste, conta que, apesar das altas temperaturas, não consegue ficar com as janelas de casa abertas por causa das fuligens de queimadas.

“[A fuligem] gruda em tudo. Meu cachorro, que é branco, até fica preto”, diz. “Sem contar no tanto de água que a gente gasta para limpar tudo.”

Nas palavras da relações públicas Valéria Dumangin Santiago, que mora no Residencial Flórida, próximo ao RibeirãoShopping, na zona Sul, está “chovendo fuligem”.

Serviço

Ela conta que estava na piscina no domingo à tarde e que precisou sair, de tanto que a fuligem sujou a água.

“Não consegui limpar tudo ainda. Até a diarista reclama que o serviço rende menos, por causa da fuligem”, completou.

As queimadas são reflexo das altas temperaturas combinadas à baixa umidade do ar, mas também da irresponsabilidade de quem promove queimadas irregulares.

Fiscalização

Quatro multas por queimadas irregulares foram aplicadas pela Secretaria do Meio Ambiente em Ribeirão Preto na última segunda-feira (25). Duas ocorrências foram na zona rural e outras duas no perímetro urbano.

Na área rural, as queimadas aconteceram em canaviais, uma próxima ao Portal dos Ipês, entre Ribeirão e Serrana, e outra na Antiga Usina Galo Bravo.

Lucas Mamede / Especial
Valéria, que mora na zona Sul: “está chovendo fuligem” (Foto: Lucas Mamede / Especial)

Os proprietários foram multados em 3.300 Unidades Fiscais do Estado (Ufesp), equivalentes a R$ 66 mil.

Dentro da cidade, os focos de fogo foram na avenida Luís Galvão César e no contorno Sul do Anel Viário. Os donos das áreas serão multados em R$ 11 mil cada.

Apenas na última segunda, a Fiscalização Geral da Prefeitura, encarregada de autuar os proprietários que promovem queimadas irregulares, registrou dez denúncias em várias regiões da cidade.

Deserto

A última vez em que choveu significativamente em Ribeirão Preto foi no dia 28 de julho, há quase um mês.

Por causa disso, os índices de umidade do ar são de estado de emergência: no domingo (24), a umidade chegou a 11,9%, só perdendo para o último dia 07, quando ficou em 11,4% - no deserto, a umidade relativa do ar costuma ser de 15%.

Segundo a Somar Meteorologia, a culpa é de um bloqueio atmosférico que deixa o tempo seco em grande parte do país.

“Esse bloqueio começou a ser rompido e já temos uma frente fria avançando pelo Sul. Hoje, o sistema deve passar pelo litoral, mas ainda não leva chuva ao interior de São Paulo, que permanece com o tempo aberto”, informou.

A expectativa de chuva em Ribeirão Preto é só para segunda semana de setembro próximo, segundo a avaliação dos serviços meteorológicos.

Ribeirão veta queima dentro e fora da cidade

Em Ribeirão, as queimadas são proibidas, tanto em áreas urbanas quanto rurais. A Fiscalização Geral é responsável pelas ocorrências dentro da cidade e a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, pelas em zonas rurais.

Na área rural, inclusive, a Câmara Municipal ajusta a legislação para permitir convênio entre o município, a Polícia Ambiental e a Cetesb, a fim de melhorar o cumprimento da lei. 

Embora as queimadas que ocorrem na região também incomodem os ribeirão-pretanos, elas são de responsabilidade da Polícia Ambiental e da Cetesb, que permite a queimada controlada da cana no período noturno em determinados períodos do ano.

Em nota, o gerente regional da Cetesb em Ribeirão Preto, Marco Antonio Artuzo, informa que, por causa da baixa umidade do ar, as queimadas estavam suspensas e que nenhuma autorização foi emitida no último fim de semana.

“Desde sexta feira (22), as queimadas de cana estão suspensas durante as 24 horas do dia”, reforça. Em 2013, a Cetesb aplicou cinco multas por queimadas irregulares no valor de R$ 629.563,00 cada.

Na atual safra da cana-de-açúcar, segundo a Cetesb, já foram registradas 19 infrações, sendo oito advertências e 11 multas. As multas chegam ao valor de R$ 1.309.240,00 cada uma.



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