Funcionários ameaçam cruzar os braços

21/08/2014 09:29:00

Trabalhadores do serviço de raio-x de embaque reclamam que não receberam salário de julho e atuam como ?fantasmas?

F. L. Piton / Jornal A Cidade
Em média 2,8 mil passageiros circulam diariamente no Leite Lopes. Se serviço de raio-x paralisar, embarque pode sofrer atrasos (Foto: F. L. Piton / Jornal A Cidade)

Devido ao atraso no pagamento de salários, funcionários do serviço de segurança e controle no embarque de passageiros do aeroporto Leite Lopes, de Ribeirão Preto, podem paralisar os serviços. Os trabalhadores ameaçaram cruzar os braços no turno das 5h às 11h de hoje. Se isso ocorrer, 2,8 mil pessoas por dia podem ser prejudicadas.

Até o final do mês passado, eles eram vinculados à empresa Aeropark Serviços, que venceu licitação do Daesp (Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo) para realizar, principalmente, o serviço de raio-x de embarque em Ribeirão Preto e outros quatro municípios da região.

Segundo o Daesp, no dia 1º de agosto a Aeropark enviou notificação afirmando que “iria encerrar suas operações em 24h”. O A Cidade apurou que o motivo seriam problemas financeiros.

Emergencialmente, a empresa “Bravsec Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo”, com sede no Rio de Janeiro, foi contratada. Ela passou a atuar no dia 6 de agosto com o mesmos trabalhadores da Aeropark, que reclamam não ter a situação regularizada até agora.

“Estou com meu aluguel atrasado há um mês. Nossa situação é desesperadora”, afirmou ao A Cidade uma das funcionárias, que não quis se identificar temendo represálias.

Segundo ela, os cerca de 90 ex-funcionários da Aeropark em Ribeirão não receberam o salário de julho, e a Bravsec ainda não efetuou o registro na carteira de trabalho. Na prática, são considerados “trabalhadores fantasmas”.

O advogado do sindicato dos aeroviários de São Paulo, Luis Carlos Merlin afirmou que irá entrar hoje com uma ação na Justiça do Trabalho exigindo o bloqueio de bens dos sócios da Aeropark e restrição das verbas do Daesp reservadas à empresa. Ele diz que 268 ex-funcionários da Aeropark estão com salários atrasados no Estado.

Até ontem, o sindicato desconhecia a paralisação que estava sendo organizada por alguns funcionários de Ribeirão.

Daesp

Em nota, o Daesp informou que nenhum serviço foi interrompido nos aeroportos e que um novo processo licitatório está sendo feito. A autarquia também não havia sido informada oficialmente sobre a possível paralisação de parte dos funcionários hoje.

Funcionários dizem que não têm curso

Dois ex-funcionários da Aeropark, que ainda atuam no aeroporto Leite Lopes, afirmam que a empresa não forneceu a eles o curso básico exigido pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para a operação das máquinas de raio-x.

“Muitos de nós tivemos que aprender a manusear o equipamento na base do improviso”, afirmou um deles. Os funcionários são os principais responsáveis pela segurança do voo, identificando, por exemplo, a presença de líquidos inflamáveis ou armas de fogo nas bagagens de mão dos passageiros. 

Em nota, o Daesp diz que a capacitação é de responsabilidade da empresa vencedora da licitação.

Outro lado
Telefones de empresas ‘não existem’

O telefone que consta no site da empresa Aeropark estava fora do ar ontem. Os proprietários da empresa, segundo cadastro na Junta Comercial, moram em Vitória (ES).

A empresa Bravsec tem sede no Rio de Janeiro. No portal da internet são informados quatro celulares, mas todos constavam como inexistentes. O site diz que ela possui uma filial em um centro de compras em Campinas, mas a gerente do local informou que eles se mudaram no início do mês.



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