População reclama de atendimento médico em Ribeirão Preto

31/07/2014 11:13:00

Jovem espera por cinco horas atendimento e deixa UBDS sem conseguir medicamento para tratamento

Matheus Urenha / A Cidade
Lilian segura cartela de aspirina, o que é possível comprar com investimento diário na saúde (foto: Matheus Urenha / A Cidade)

Com febre, mal-estar e dores no corpo, a auxliar de farmácia Lilian Cristina Gozzo, de 26 anos, tentou ajuda na UBS (Unidade Básica de Saúde) Don Mielle no começo da tarde de ontem. “Disseram que não havia médico”, lamenta.

Às 15h, chegou à UBDS Central. Somente cinco horas depois passou por consulta médica. No local, o A Cidade ouviu usuários reclamarem de espera superior a oito horas. Até a Polícia Militar foi acionada por pacientes indignados.

“Ainda estou com dores”, reclama Mariane da Silva, de 16 anos. Com suspeita de infecção urinária, ela chegou ao posto por volta do meio-dia, mas só foi atendida às 16h45. “Aplicaram soro, mas disseram que tenho que comprar um remédio que não tinha na farmácia gratuita”, reclama.

Apesar dos problemas, a Prefeitura de Ribeirão Preto, exalta a qualidade do serviço. Segundo a assessoria de imprensa, o município é o terceiro em cidades com mais de 300 mil habitantes no IDSUS (Índice de Desempenho SUS).

A reportagem solicitou na terça-feira entrevista com o secretário de Saúde, Stênio Miranda, para abordar o levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que apontou investimento diário de R$ 1,82 na saúde dos ribeirão-pretanos, mas a assessoria informou que a agenda estava lotada.

Em nota, a pasta informou que investiu 26% do seu orçamento em saúde no ano passado, acima do piso constitucional de 15%. Além disso, afirmou que o investimento per capita subiu 37% entre 2009 e 2013.
“Cada vez mais são os municípios que precisam investir em saúde, além de outras políticas essenciais, porém, com baixo poder de arrecadação”, diz a nota.

Igual
Apesar de também citar problemas de gestão (ver análise), o diretor de comunicação do CFM, Desiré Callegari, diz que a questão principal é o orçamento.

“O governo federal precisa reservar, no mínimo, 10% do PIB (Produto Interno Bruto) em saúde. Da forma como está, existe um buraco no orçamento, insuficiente até para cobrir as despesas mais básicas”. afirma.

‘SUS entraria em colapso’

Vice-presidente do Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde), Fernando Monti contesta o levantamento do Conselho Federal de Medicina. “Há diversas inconsistências nos números. Por isso, estamos elaborando um estudo próprio”, afirma. 

Ele diz que a saúde demanda uma “crescente de investimentos”, mas que está sendo suportada apenas pelos municípios. “A média nacional é que as prefeituras investem 23% do orçamento no setor, quando a Constituição prevê 15%”, diz, cobrando mais recursos dos estados e do Governo Federal. 

Segundo ele, se os municípios investissem apenas o que a legislação prevê, “o SUS entraria em colapso”. 



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