Empresas apontam que valor ideal seria de R$ 3,17; prefeitura diz que estudos não foram concluídos
O Consórcio PróUrbano, operador do transporte coletivo urbano de Ribeirão Preto, aguarda que a Prefeitura e a Transerp (Empresa de Transporte e Trânsito de Ribeirão Preto), homologuem a tarifa única de R$ 3,17 até amanhã – hoje o valor é de R$ 2,80. Caso isso não ocorra, o consórcio pode procurar a Justiça, por acreditar que o contrato de concessão esteja sendo descumprido.
O contrato de concessão aponta que a correção da tarifa deve ocorrer no mês de julho. “Se a prefeitura não homologar o novo valor estará descumprindo o contrato de concessão”, diz Carlos Roberto Cherulli, presidente do Consórcio, em entrevista exclusiva ao A Cidade. Porém, o presidente do consórcio diz que não trabalha com a possibilidade do aumento não ocorrer.
Cherulli afirmou que o reajuste leva em consideração, principalmente, duas negociações de reajuste salarial – maio de 2013 e maio de 2014 – e o aumento do óleo diesel.
Porém, o Ministério Público promete ir à Justiça em caso de reajuste, apontando que o consórcio não fez investimentos previstos em contrato.
Caso o valor seja confirmado, o reajuste de R$ 0,37 (13,2%) seria o maior aumento (em reais) da história da cidade, superando o último reajuste, aplicado em janeiro de 2013, de R$ 0,30. Segundo Cherulli, reajuste até pode ser menor, mas isso dependeria de a prefeitura dar isenções fiscais e subsídios.
Serviço prestado
Cherruli garantiu que o Consórcio está tranquilo em relação ao serviço prestado à população. “Nosso maior problema é o trânsito na hora de pico. Mas essa situação depende do poder público para mudar. Defendemos a implantação de corredores exclusivos para os ônibus, além da proibição de estacionamento em algumas vias. Essas atitudes diminuiriam o tempo das viagens, agradando os usuários”, diz.
Para o presidente do PróUrbano, protestar é um direito da população, desde que não exista violência. O comentário dele foi por conta de cartazes colados em alguns pontos de ônibus que dizem o seguinte: “Se a tarifa aumentar, Ribeirão Preto vai parar”.
“Atos democráticos, sem violência são legítimos. O que não pode é a população destruir estabelecimentos ou mesmo queimar ônibus.”
Empresas dizem que prejuízo está se acumulando
Carlos Roberto Cherulli, presidente do Consórcio PróUrbano, afirma que o prejuízo vem se acumulando desde o início da concessão, no final de 2012.
De acordo com ele, o contrato prevê o transporte mensal de 3,4 milhões de usuários pagando 100% do valor da tarifa, mas, na prática, o número é de 3,1 milhões.
Caso o número transportado fosse o previsto no contrato seriam arrecadados mensalmente com a tarifa R$ 9,52 milhões. Mas com o número real a arrecadação fica em R$ 8,68 milhões – R$ 840 mil a menos por mês.
“Com o prejuízo, nós sempre optamos por manter em dia o pagamento dos funcionários e a manutenção da frota. Por isso ocorreu o atraso em alguns investimentos e depois o acordo com o Ministério Público”, justificou Cherruli.
Prefeitura fala em 'estudo'
O A Cidade enviou e-mail para a assessoria da Transerp e da prefeitura, questionando qual vai ser a atitude tomada. Mas a resposta obtida foi a seguinte: “Ainda não temos novidade sobre o assunto. Os estudos ainda não foram concluídos”.
O jornal tinha questionado, inclusive, as possíveis desonerações de ISS e da Taxa de Gerenciamento (R$ 450 mil por mês), além da injeção de subsídios no sistema de transporte coletivo, para a diminuição do reajuste real, mas não recebeu resposta do Executivo municipal.
A redução da tarifa por meio de isenção e subsídio ocorreu no ano passado. Com a ajuda de isenções do governo federal, o valor da tarifa foi reduzido de R$ 2,90 para R$ 2,80.