Meteorito encontrado na região fará parte de exposição no Rio de Janeiro

22/07/2014 11:52:00

Fragmento guardado por 42 anos pelo jornalista Saulo Gomes vai para Museu Nacional da UFRJ

Lucas Mamede / Especial
Maria Elizabeth Zucolotto, curadora do museu no Rio, e o jornalista Saulo Gomes com os fragmentos (foto: Lucas Mamede / Especial)

O jornalista Saulo Gomes, 86 anos, nunca imaginou que iria contribuir com o estudo do universo. Em agosto de 1967, ele encontrou três meteoritos que caíram na fazenda Buritis, no município de Buritizal, a 145 km de Ribeirão Preto, e os manteve guardados por 42 anos sem saber que tinha, na decoração de sua casa, uma parte da história da formação e da evolução do Sistema Solar.

Agora, a metade de um dos fragmentos vai integrar uma exposição de meteoritos no Museu Nacional da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). A curadora da coleção de meteoritos do museu, professora Maria Elizabeth Zucolotto, esteve em Ribeirão ontem para levar a pedra para a capital fluminense.

“Essa é uma grande doação para o museu. Os meteoritos têm informações de raios cósmicos. Juntamos cada pecinha para formar um grande quebra-cabeça”, disse a professora.

A descoberta dos meteoritos veio à tona em agosto de 2009, quando o jornalista João Garcia, ex-diretor Editorial do A Cidade [que morreu em 2012], publicou uma reportagem sobre as pedras coletadas por Saulo Gomes.

Na ocasião, o professor Antenor Zanardo, do Departamento de Petrologia e Metalogenia da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Rio Claro, enviou uma das pedras para um laboratório de Vancouver, no Canadá, que classificou o material como um meteorito tipo condrito ordinário.

Amizade antiga

“Nada disso seria possível sem o João Garcia”, afirmou Saulo Gomes. Os dois jornalistas se conheceram no dia em que o então repórter da TV Tupi foi a São Simão para investigar a notícia de que um objeto havia explodido no local. “O João tinha uns 17 anos e pediu para o pai dele o levar para me conhecer. Ele virou jornalista por minha causa.”

Anos depois, João Garcia procurou Saulo Gomes e o questionou sobre o episódio dos meteoritos. “Foi então que eu falei que tinha guardado umas pedras e ele entrou em contato com o Zanardo”, lembrou.
Saulo Gomes conta que sempre teve o hábito de colecionar “coisas” que o lembrassem de suas matérias. “Guardei as pedras como uma recordação daquela pauta.” A mulher do jornalista, Edna Gomes, vai mandar fazer um pingente com um pedaço do meteorito.

Fragmento deve ser autenticado e classificado

Meteoritos são fragmentos de corpos sólidos do sistema solar (asteroides, cometas, Lua, entre outros) que caem na superfície da Terra. Quando entram na atmosfera terrestre alcançam velocidades que vão de 11 a 72 km/seg – dependendo da direção e sentido de suas órbitas em relação a da Terra – e se tornam incandescentes, deixando uma rápida trilha luminosa no céu conhecida como meteoro ou “estrela cadente”. Alguns poucos meteoros sobrevivem a esta queda e os que alcançam a superfície terrestre passam a se chamar meteoritos.

A maioria dos meteoritos vem do cinturão dos asteroides, uma região entre Marte e Júpiter, no entanto, existem meteoritos lunares, marcianos e até comentários.

Quando descoberto, o meteorito deve ser autenticado e classificado por uma instituição de pesquisa como o Museu Nacional. O resultado é publicado no Meteoritical Bulletin, que emite uma espécie de “pedigree” do meteorito. Só então o meteorito passa a existir oficialmente. (Com informações do Museu Nacional)

 



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