Usuários afirmam que, apesar de o lago estar cheio de lixo, crianças se aventuram a nadar no espaço mesmo sem saber o que tem pelo caminho
O que era pra ser uma área de lazer no Jardim Procópio, zona Norte de Ribeirão Preto, tornou-se retrato do descaso do poder público e da população. No Parque Tom Jobim o alambrado rompido e o lixo espalhado pela grama e apodrecendo as águas do lago entristecem e desanimam os visitantes.
E as irregularidades não param por aí. Pedaços de madeiras com pregos expostos, estruturas de metais enferrujadas e carcomidas pela ação do tempo e das chuvas se tornam verdadeiras armadilhas para as crianças que brincam pelo local.
A quadra de esportes coberta está sem nenhum equipamento e ocupada apenas por pombas e poças dágua. O chão, apesar de ser de cimento, está tomado por terra.
Até os quiosques são usados como guarda-roupas pelos moradores de rua que dormem no local. Um cobertor foi flagrado pela reportagem escondido no teto de madeira da barraca.
Antônio da Silva, 55 anos, diz que a cena é comum. "As pessoas usam esse lugar apenas para o que não pode. É pra dormir, pra nadar e correr risco de morte", destaca o comerciante.
Contudo, o que realmente incomoda os visitantes do entorno é a insegurança. Antenor Mendes, 69, ainda frequenta o espaço, mas já foi atropelado por dois ciclistas em um trecho da pista de caminhada. O acidente aconteceu há cinco meses, mas as marcas do ferimento estão expostas em seu tornozelo esquerdo.
"Acho que eles estavam fugindo de alguém, porque caíram e já saíram correndo. Eu fiquei mal, mas esse é o único parque que temos na região e ainda é muito mal cuidado. Agora, o que mais me faz falta são os banheiros, que não existem", destaca o morador do bairro Heitor Rigon.
Apesar de o lago estar cheio de lixo, Antenor também ressalta que há gente que ainda pesca no local e muitas crianças se arriscam a nadar no lago, mesmo sem saber o que pode ter no caminho. "É um perigo."
O amigo, Alfredo Palma, 72, completa: "aqui, estamos abandonados há muito tempo. Nem as autoridades e ações sociais espantam esses baderneiros. E quem sofre somos nós".
Por lá, há uma base da Guarda Civil Municipal, mas, na última segunda-feira (19), quando o ACidade ON esteve no local, as portas e janelas estavam fechadas, sem nenhum monitoramento. Como consequência, a movimentação de munícipes também era praticamente inexistente: às 15h, apenas quatro pessoas usavam as dependências do parque.
Palco da criminalidade
Em maio do ano passado, o portal noticiou o assalto a dois adolescentes, de 16 e 17 anos, ocorrido no interior do parque. Na época, a Polícia Civil divulgou, por meio de um boletim de ocorrência, que eles estavam próximo ao lago, quando foram surpreendidos por um homem armado.
O suspeito teria se aproximado, levantado a camisa e mostrado a arma para as vítimas. Na sequencia, fugiu com os celulares dos menores de idade e ainda abordou da mesma forma outras duas pessoas que estavam no local. O criminoso não foi identificado pelos policiais da área.
Outro lado
Por meio de nota, a Coordenadoria de Limpeza Urbana informou que uma parceria foi firmada através do programa "Verde Cidade", entre a Prefeitura Municipal e a Construtora Pacaembu para obras de recuperação e revitalização do espaço. A administração não informou, porém, o prazo para início das reformas e melhorias.