HC de Ribeirão Preto vai separar irmãs siamesas unidas pelo crânio

18/01/2018 16:56:00

Cirurgia inédita no País está prevista para o dia 17 de fevereiro; nesta sexta, neurocirurgião explicará como será procedimento

Renato Lopes / Especial
Hospital das Clínicas, localizado no campus da USP de Ribeirão Preto (Foto: Renato Lopes / Especial)

 

O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto se prepara para realizar uma cirurgia rara e inédita no País: a separação de duas irmãs siamesas, de 1 ano e 6 meses, que nasceram unidas pelo crânio.

Maria Ysabelle e Maria Ysadora, moradoras da cidade de Patacas, um distrito da cidade de Aquiraz no Ceará, serão submetidas ao procedimento nos próximo dia 17 de fevereiro.

O neurocirurgião Hélio Rubens Machado, responsável pelo procedimento, concederá, às 15h30 desta sexta-feira (19), uma entrevista coletiva à imprensa para detalhar como será o procedimento.

De acordo com o neurocirurgião Eduardo Jucá, que atende as crianças no Ceará, a separação das gêmeas será feita em quatro cirurgias realizadas em datas distintas. A previsão inicial é de que haja um intervalo mínimo de quatro meses entre cada um dos procedimentos. Estima-se que elas sejam definitivamente separadas na quarta e última operação, ao final de um ano.

Matheus Urenha / A Cidade - 12.mai.2010
Neurocirurgião Hélio Rubens Machado é o responsável pelo procedimento (Foto: Matheus Urenha / A Cidade - 12.mai.2010)

 

Jucá afirma que as crianças estão bem de saúde e preparadas para as cirurgias que estão por vir. E que os pais – Débora e Diego - estão muito motivados com a chance de separação dos bebês.

Sobre os riscos do procedimento, o neurocirurgião responde: “Toda cirurgia é arriscada. Como essa é uma cirurgia pouco executada no mundo e pela primeira vez no País, há muitos profissionais envolvidos. Temos muita confiança de êxito”, afirmou ao ACidade ON.

Segundo o neurocirurgião, casos de bebês craniópagos, que nascem unidos pela cabeça, são raríssimos no mundo.

De acordo com Jucá, as meninas chegaram ao HC de Ribeirão Preto por meio dele, que fez medicina na Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto e já conhecia o doutor Hélio e decidiu pedir sua ajuda. 

Segundo a Folha de S.Paulo, Hélio Rubens Machado, de 69 anos e 44 de profissão, já operou 10 mil pessoas, e diz que esta é a situação mais complexa que já enfrentou.

Para avaliar se era possível realizar o procedimento, Hélio contou com a ajuda do neurocirurgião americano James Goodrich, do Montefiore Medical Center de Nova York, que veio ao Brasil para avaliar as crianças, antes de decidir que elas podem ser operadas.

O crânio e o cérebro das duas foram reconstruídos de forma tridimensional, e um molde de acrílico foi feito nos EUA com todo o detalhe e “cada voltinha do cérebro, cada veia e artéria”, para viabilizar o procedimento.



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