Após um ano de governo, água continua fria no Cetrem de Ribeirão Preto

12/01/2018 09:48:00

Administração culpa gestão passada e 'demanda elevada de recursos' e diz estar solucionando problemas

Cristiano Pavini / A Cidade
Usuários aguardam para entrar no Cetrem: 'a comida é boa, as instalações não são ruins, mas a água é muito fria',diz mulher atendida no local (foto: Cristiano Pavini / A Cidade)

 

Mesmo após 375 dias de governo Duarte Nogueira (PSDB), a prefeitura não interrompeu os banhos gelados no Cetrem (Central de Triagem e Encaminhamento ao Migrante/Itinerante e Morador de Rua). A estrutura do local, herdada com defeitos da gestão Dárcy Vera, ainda apresenta problemas para aquecer a água dos chuveiros, que banham até 150 pessoas ao dia.

A reportagem ouviu 12 frequentadores do Cetrem. Todos reclamaram de banho gelado. “A comida é boa, as instalações não são ruins, mas a água é muito fria”, lamentou uma mulher de 44 anos, que há 15 dias está na unidade.

Em junho do ano passado, A Cidade já havia mostrado que a nova unidade, inaugurada em novembro de 2016 com a promessa de dar mais dignidade às pessoas em situação de rua, apresentava problemas. O aluguel da estrutura – junção de dois antigos motéis, com 41 suítes – custa R$ 18 mil mensais.

Segundo Eduardo Barbosa dos Santos, coordenador do Cetrem, o problema está nas instalações de aquecedores solares. “Aqui foi feita uma maquiagem muito grande [pela gestão passada]. Toda semana descobrimos alguma gambiarra nova”, diz.

Já Gisele Costa, secretária de Assistência Social no final do governo Dárcy, rebate. “Muito fácil os integrantes da atual gestão colocarem a responsabilidade nas nossas costas. Eles possuem meios próprios para resolver os problemas, não fazem por irresponsabilidade ou incompetência”.

Problema crônico

Barbosa afirma que a gestão Nogueira conseguiu solucionar parte do problema crônico de aquecimento. Agora, diz, a água só não aquece em dias nublados ou com chuvas. Não há ligação elétrica complementar nos chuveiros como alternativa às placas solares, segundo ele.

Usuários, porém, garantem que a água fria ainda é regra. “Tomei duas ou três vezes banho quente no ano passado”, diz um senhor de 66 anos que frequenta o Cetrem desde 2003. “Este ano estou no lucro. Consegui tomar uma vez”, conta.

“Em dias de calor, não me incomodo. Mas no frio é muito complicado”, conta um homem de 33 anos que frequenta a unidade há cerca de seis meses e trabalha como chapa.

Ele diz que nunca conseguiu tomar banho quente. “Você chega molhado da chuva, com frio, vem água mais gelada ainda do chuveiro”. Sem dinheiro para pagar aluguel, ele diz que a única alternativa é o Cetrem. “Ou isso, ou o relento”. 

Prefeitura estuda novo local

O coordenador do Cetrem, Eduardo Barbosa dos Santos, explicou ao A Cidade que a estrutura física do local é “cheia de surpresas”. Ele diz que a gestão atual consertou a bomba d’água, segundo ele o principal motivo do banho frio. Agora, porém, parte das placas solares se quebraram. “Há chuveiros que nunca conseguiram aquecer. Estamos verificando se toda a estrutura foi feita corretamente”, diz. A mesma empresa que fez a instalação na gestão Dárcy foi acionada, para manter a garantia dos equipamentos.

De acordo com Barbosa, a prefeitura está estudando um novo local para o Cetrem. “Não há uma acomodação de nossa parte com as críticas dos usuários. Estamos tentando resolver”, garante. 

Questionado sobre o motivo de não solucionar os problemas após um ano de governo, o Palácio Rio Branco informou que os defeitos “são diversificados e geram uma demanda elevada de recursos”, mas que “gradativamente” estão sendo solucionados.

Gisele Costa, secretária de Assistência Social no final da gestão Dárcy, afirma que o Cetrem foi entregue com os equipamentos funcionando e a garantia em dia. “Basta acionar o construtor ou as empresas para fazer os eventuais reparos”, disse. 

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