Sinal de alerta ligado para os atropelamentos em Ribeirão Preto

11/08/2017 09:06:00

De janeiro a junho deste ano, foram 44 mortes no trânsito, nove apenas de pedestres

F.L.Piton / A Cidade - 15.jun.2012
Atropelamentos já foram responsáveis por nove mortes neste ano em Ribeirão Preto (foto: F.L.Piton / A Cidade - 15.jun.2012)

 

A morte de uma idosa de 68 anos, na última segunda-feira (7), reacendeu o debate sobre o perigo do trânsito, para motoristas e pedestres, em Ribeirão Preto. Atropelada por uma moto entre as ruas Minas e São Paulo, nos Campos Elíseos, zona Norte da cidade, Celma Alves Borges Zina chegou a ser arremessada no asfalto e morreu no hospital.

No entanto, o caso não é uma exceção. Para a psicóloga Márcia de Castro Lima, especialista em trânsito, o acidente aconteceu devido a uma sequência de erros, causados pelo motociclista, que pilotava em alta velocidade pela via, e pelo poder público, que falha na sinalização – que se repetem rotineiramente.

“A imprudência é a principal causa das colisões, mas, naquele local, era necessário que os órgãos competentes dessem mais atenção à sinalização, como faixa de pedestre e, principalmente, controle de velocidade – fica perto de um hospital e isso requer cuidado”, diz.

E mais: a especialista completa que, a cada ano, o trânsito da cidade fica inflado e, consequentemente, mais perigoso. “A falta de preocupação com um transporte público de qualidade e eficiente faz com que a população use automóveis próprios – na maioria das vezes, as motocicletas, por ser um meio mais econômico. O resultado é um ambiente caótico para todos”.

E os números confirmam a tese da especialista. De acordo com dados do Infosiga (Movimento Paulista de Segurança no Trânsito), Ribeirão Preto registrou, de janeiro a junho deste ano, 44 mortes no trânsito – homens são a maioria entre as vítimas e, predominantemente, motociclistas e motoristas de carros. Porém, 21% do total são atropelamentos em vias públicas.

Em números, houve uma pequena queda: nove casos foram registrados no primeiro semestre de 2017, comparados às 10 mortes de pedestres listadas no mesmo período de 2016.

Mal crônico

Porém, não há motivos para comemorar. Muito pelo contrário. Ainda de acordo com a especialista, a irresponsabilidade atrás de um volante tornou-se um mal praticamente crônico. “O ideal seria resolver esse problema com a educação. Quando o assunto são os motoristas, o limite não é apenas CFCs (Centro de Formação de Condutores), pois, em duas semanas de aulas específicas não se constrói um piloto consciente. A solução é o respeito de base: dentro de casa, na escola e cotidiano – e isso também vale para os pedestres”, afirma Márcia Lima. 

A morte de Celma

Em menos de 10 segundos, Celma Alves Borges Zina, de 68 anos, sai da calçada, atravessa o cruzamento das ruas Minas e São Paulo, nos Campos Elíseos, região Norte de Ribeirão Preto, e é atropelada por uma moto, que seguia em alta velocidade. A cena foi gravada por câmeras de segurança e, com o impacto da batida, a aposentada não resistiu. Apesar de ter sido socorrida a Santa Casa da cidade, morreu no hospital. O motociclista alegou à Polícia Militar que tentou desviar de um carro, mas não conseguiu frear a tempo de evitar o choque com a pedestre.

Análise - ‘Apenas multas não são suficientes’ 

“A aplicação das leis apenas como forma de punição não é eficiente. O ideal seria investir em reforço da fiscalização, principalmente no limite de velocidade. Mexer no bolso não é solução. Os motoristas deveriam entender o motivo das regras de trânsito e respeitá-las para um bem comum. A responsabilidade do poder público é manter o trânsito em ordem, e isso significa ter faixas de pedestres, semáforos regulares, radares e afins.” Márcia de Castro Lima, Psicóloga especialista em trânsito

Transerp diz que renovou 78 faixas para pedestres

Por meio de nota, a Transerp, empresa que administra o trânsito e transporte de Ribeirão Preto, informou que realiza diversas ações em prol da melhoria da sinalização e segurança. “Em seis meses, renovamos 78 faixas de pedestres, o que corresponde a 1 mil metros quadrados de pintura e implantamos 15 demarcações de faixa de travessia [...]. Além do trabalho de engenharia de tráfego, há o apoio de fiscalização por meio dos agentes civis.”

 



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