Promover educação de trânsito e cidadania ensinando as crianças a andar de bicicleta é o principal objetivo do projeto
Promover educação de trânsito e cidadania ensinando as crianças a andar de bicicleta é o principal objetivo do projeto Escola de Ciclismo Pedalando Para o Futuro. Na primeira semana de junho e em sua quarta fase, o programa atendeu 62 crianças da Cemei Prof. Eduardo Romualdo Souza, na Vila Virgínia, zona Oeste da cidade.
Segundo o idealizador Daniel Terra, crianças entre 5 e 12 anos aprendem a respeitar idosos, outras crianças e os veículos por meio das leis de trânsito. Após semana de aulas no contraturno escolar, a criançada é presentada com simbólica carteira de habilitação.
“Como eu fui ciclista profissional por muito tempo, sofri na pele as dificuldades, porque as pessoas não respeitam as leis de trânsito. Mesmo quem pedala é muito bom em cobrar os seus direitos, mas pouco cumpre dos seus deveres. Acredito que a melhor fase para enraizar essa educação de trânsito é na infância”, explica Terra.
Desde a sua fundação, há quatro anos, 6,2 mil alunos foram atendidos. Até o dia primeiro de julho deste ano, a quarta fase promete atender mais 1,9 mil crianças de Ribeirão Preto e Sertãozinho. A prioridade, segundo Terra, é atender crianças de escolas públicas e núcleos assistenciais.
“O nosso foco principal é trabalhar a cidadania e o esporte é o melhor caminho para isso, pois exige disciplina, incentiva o aluno e transforma a vida das pessoas”, ressalta.
O Pedalando Para o Futuro é um projeto bancado pela Lei Paulista de Incentivo ao Esporte, da Secretaria Estadual de Esportes e Lazer. Com o edital, Terra conseguiu bancar os educadores, psicólogos e assistentes sociais para atuarem com as crianças. As cerca de 30 bicicletas disponíveis para o programa foram doadas por empresas parceiras.
“A gente ensina os pequenos a respeitar as placas, faixa de pedestre, as sinalizações e, principalmente, que não é porque está de bicicleta que pode subir na calçada ou andar na contramão”, explica.
Identificar as necessidades de cada criança
A assistente social Mariana Argentato entrou para o grupo há pouco mais de um ano e explica que seu trabalho consiste em acompanhar as crianças em situação de risco para ensiná-las noções de vida que seu meio familiar muitas vezes não possui.
“Atuamos em alguns núcleos em que a situação de vida delas é muito precária. Cuidamos de cada criança conforme sua necessidade. Se tem dificuldade de convívio, a gente cria dinâmicas para que eles aprendam a respeitar o próximo, sempre com base nas leis de trânsito”, diz.
Segundo Mariana, é enviado um questionário aos pais no meio do projeto para analisar possíveis mudanças de comportamento dos alunos. Infelizmente, ela diz que são poucas as famílias que se interessam e participam.
No entanto, a resposta vem de imediato durante as próprias aulas. “A gente vê como um presente quando uma criança mais fechada nos sorri e agradece quando aprende alguma coisa – na parte da inclusão principalmente. Quando eles nos agradecem porque achavam que não seriam capazes, é de uma satisfação indescritível”, afirma.
Isadora aprende e faz amizades no projeto
Isadora de Paula Décio tem apenas 11 anos e participa do Pedalando Para o Futuro há quatro anos consecutivos, desde a sua inauguração. Ela conta que, em sua primeira aula, mal conseguia se equilibrar na bicicleta. “Eu ficava com um pouco de medo, mas os professores me deixaram tranquila e foi com eles que eu aprendi a pedalar”, conta. A menina relata animada o quanto aprendeu com os professores sobre a importância de ter cuidado com crianças e idosos na rua e pedalar sempre respeitando as leis de trânsito. Ela gostou tanto da bike que, este ano, ganhou uma de presente e a usa todos os dias depois da escola. “Durante o programa, percebi que muitas vezes a gente deixava de respeitar um sinal, passava rápido perto de criança. Agora, aprendi que é errado. Aqui, fiz muitos amigos, muitos mesmos, e quero participar mais vezes”, afirma.
“Acredito que o esporte é capaz de trazer respostas muito mais rápidas e também a transformação da cidadania. O resultado é muito rápido, vem quase que de forma imediata. Por mais que o curso seja breve, apenas uma semana, conseguimos grandes resultados. A gente atinge onde a família não trabalha com essas crianças, focamos no vínculo afetivo, na confiança.”
Mariana Argentato
Assistente social do Pedalando Para o Futuro
Como ajudar
Por ser projeto aprovado em edital do Estado, não carece de ajuda financeira. Quem quiser colaborar ou inscrever os filhos, basta acessar a página no Facebook, Pedalando Para o Futuro.