Após dez anos, asfalto chega à rua de Valquírio em Ribeirão Preto

13/06/2017 13:29:00

Após várias paralisações, obras de infraestrutura no Jardim Itaú, iniciadas em outubro de 2014, estão 90% concluídas

Matheus Urenha / A Cidade
Valquírio Leonde nem acreditava mais que as obras de infraestrutura do bairro fossem ser concluídas (foto: Matheus Urenha / A Cidade)

 

Após dez anos de barro e buraco, tendo que estacionar o carro a um quarteirão de distância para evitar atolamento, o aposentado Valquírio Leone, 60, finalmente comemora.

“Eu nem acreditava mais que iriam asfaltar, mas finalmente esse dia chegou”, diz. Sua rua, no Jardim Itaú, recebeu pavimento há três semanas.

Das três obras “emperradas” que a gestão Duarte Nogueira (PSDB) herdou da ex-prefeita Dárcy Vera (PSD), a única que deslanchou foram a de infraestrutura no Jardim Itaú.

A duplicação da avenida Mugnatto Marinseck está a passos lentos e a construção da UPA Norte, parada desde o ano passado, sequer tem contrato válido.

Outras três obras foram herdadas com andamento considerado normal, mas foi necessário realizar um “pente-fino” nos contratos para solucionar medições e pagamentos atrasados: infraestrutura da Vila Elisa (entregue em abril), Recreio Anhanguera (em fase final) e Distrito Industrial (pavimentação concluída).

Comemoração

Uma das principais novelas da gestão passada, a pavimentação de 26 quadras de ruas de terra e implantação de 3,4 km de galerias de águas pluviais do Jardim Itaú está cerca de 90% concluída. O bairro vai completar em novembro 55 anos.

As obras de R$ 2,2 milhões, com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), começaram em outubro de 2014, com previsão de conclusão em seis meses – abril de 2015.

Entretanto, sucessivos atrasos da empreiteira responsável, que resultaram inclusive no rompimento do contrato pela prefeitura no ano passado e nova licitação, fizeram a obra completar 31 meses.

“Já atolei muito aqui no bairro, aqui era tudo barro. Demorou, mas finalmente veio o asfalto”, diz José Marquetti, 74 anos, aposentado.

A presidente da Associação de Moradores do Jardim Itaú, Marlene Fernandes, comemora que finalmente as obras foram praticamente concluídas, mas cobra a regularização do bairro.

Conforme A Cidade mostrou em 2015, a prefeitura ainda não homologou o memorial descritivo do bairro - criado em 1960 - em cartório. 

No Distrito Industrial só falta energia

Com a promessa de entrega para o final de 2013, a terceira etapa do Distrito Industrial está com as obras de infraestrutura de pavimentação e galerias de esgoto e águas pluviais pronta, finalizadas este mês. Agora resta ainda, porém, a energia elétrica. Para isso, a prefeitura irá abrir licitação, no valor estimado de R$ 1,4 milhão, para contratar outra empresa para os serviços elétricos, que não foram encaminhados pela gestão anterior. “Pode-se dizer que fomos surpreendidos com essa situação. A prefeitura sequer possuía o projeto para a infraestrutura elétrica, tivemos que elaborar este ano. Era algo que poderia ter sido feito no ano anterior”, diz Pegoraro. A previsão de conclusão dessa parte é de 90 dias, contados após a contratação da empresa.

Assentamentos

Três ruas do Jardim Itaú não estavam previstas no projeto de pavimentação e galerias em razão de ocupações irregulares por moradores. Nas ruas Prisco da Cruz Prates e Diva Ambrósio, todas esburacadas, há cerca de 50 famílias, algumas no local há 30 anos, aguardando decisão da prefeitura. Em 2012, a Justiça mandou reassentar esses moradores em outra área, no próprio bairro. “A gestão passada não nos deu atenção. Esperamos que essa seja diferente”, diz Sidelina Silva, representante dessas famílias.

Sai verba da desapropriação

Após uma peregrinação para buscar recursos, a prefeitura conseguiu realizar há duas semanas depósito judicial de R$ 2,4 milhões para a desapropriação de terrenos que travavam o trecho de um quilômetro da primeira etapa da duplicação da avenida Antônia Mugnatto Marincek, entre um condomínio residencial e a rodovia Anhanguera.

“A prefeitura não tinha nenhum centavo reservado no cofre para isso”, diz o secretário de Obras Pedro Pegoraro.

Mesmo sem ter pago as desapropriações, a gestão Dárcy Vera (PSD) deu aval para o início das obras, orçadas em R$ 25,3 milhões, no final do ano passado.

Desde então, a Prime Infraestrutura, empreiteira responsável pela obra, recebeu diversas notificações por conta de atrasos e paralisações – a empresa alegava problemas com chuvas.

Há pelo menos duas semanas, as obras no trecho da primeira etapa estão paradas exclusivamente pelo aguardo das desapropriações.

Segundo Pegoraro, a situação deve ser resolvida nos próximos dias, e a previsão é que o trecho seja entregue até o final do ano.

Milena Aurea / A CIDADE - 07.nov.2016
Obras da UPA Norte estão paralisadas desde o segundo semestre do ano passado e não há previsão de quando serão retomadas (foto: Milena Aurea / A CIDADE - 07.nov.2016)

 

Obras da UPA Norte estão paradas há meses

Na UPA Norte, desde o segundo semestre do ano passado as obras estão paradas. A empresa Pafil Engenharia mantém apenas um vigia, para evitar depredações na unidade – que está cerca de 60% executada.

A gestão Dárcy Vera utilizou todo o R$ 1,7 milhão enviado pelo Governo Federal para a obra, mas não teve caixa para levantar o R$ 1,6 milhão que deveriam sair dos cofres municipais – só R$ 241,7 mil foram depositados.

Além disso, segundo Pegoraro, a gestão passada esqueceu de renovar o contrato com a empreiteira. Assim, há também um problema jurídico – o secretário não descarta que seja necessário romper o contrato e abrir nova licitação.

“Estamos aguardando uma solução. Tudo o que queremos é concluir essa obra”, diz o engenheiro da Pafil José Antonio de Almeida.

Abranche culpa falta de dinheiro

O secretário de Obras na gestão Dárcy Vera, Abranche Fuad, diz que foi realizada toda a parte técnica nas obras deixadas para o atual governo. Faltava, porém, o dinheiro para executar.
A falta de verbas foi o motivo de a obra da UPA Norte ter paralisado no ano passado, bem como a não execução da iluminação pública no Distrito Industrial (que, segundo ele, tinha projeto pronto, entregue na Secretaria de Infraestrutura) e o atraso nas desapropriações da duplicação da Mugnato Marinsek (obra que, segundo ele, estava parada devido a problemas da empreiteira, que foi diversas vezes notificada pela prefeitura, a ponto de ameaçar o rompimento do contrato).

Weber Sian / A CIDADE - 18.abr.2017
Duplicação da avenida Antonia Mugnatto Marincek estão interrompidas por falta de desapropriação de imóveis (foto: Weber Sian / A CIDADE - 18.abr.2017)

 



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