Greve Geral deixa 160.000 a pé em Ribeirão Preto

29/04/2017 13:57:00

Saldo da paralisação: 100% dos ônibus parados, 50 escolas fechadas e queda de até 50% nas vendas

Renato Lopes / Especial
Manifestantes fazem passeata no Centro de Ribeirão Preto; veja mais fotos na galeria  (foto: Renato Lopes / Especial)

 

A greve geral contra as reformas previdenciária e trabalhista deixou ontem 160 mil usuários do transporte público a pé e provocou uma queda de até 50% na vendas do comércio do Centro de Ribeirão Preto. Segundo o Sindicato dos professores estaduais, 50 das 69 escolas estaduais da cidade também foram afetadas pela paralisação.

Levantamento do Sindicato dos Empregados em Empresas de Transporte Urbano de Ribeirão aponta que 100% dos 630 motoristas cruzaram os braços.

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Sem os coletivos em circulação, o trânsito ficou congestionado em vários pontos da cidade, como na rotatória Amim Calil e nas avenidas Francisco Junqueira e Independência. A Transerp afirma que precisou reforçar o trabalho dos agentes de trânsito nos locais de lentidão para orientar os motoristas.

Já a população que depende do coletivo para trabalhar ou comparecer em consultas médicas não poupou críticas à paralisação e ao preço especial exigido pelos mototaxistas, que consideraram abusivo. Eles passaram a cobrar até R$ 40 por uma corrida que, em dias comum, custa entre R$ 7 e 10.

A faxineira Rosemara Alves disse que foi pega de surpresa com a greve e teve de recorrer ao mototaxista para ir ao trabalho. “Tive que usar dinheiro extra do bolso para conseguir chegar e voltar para minha casa”, afirmou.

Hospital

Chegar ao Hospital das Clínicas, no bairro Monte Alegre, também foi um sofrimento a parte para os pacientes. A dona de casa Deolina Rodrigues Santos conta que por pouco não perdeu uma tomografia porque chegou atrasada. “Agora, não tenho como voltar para a minha casa, que fica Ribeirão Verde. Não sei o que fazer”, disse com os olhos marejados.

O presidente do Sindicato dos Empregados em Empresas do Transporte Urbano de Ribeirão, João Henrique Bueno, avaliou que a adesão em massa dos motoristas reflete o descontentamento da categoria. “Não podemos perder nossos direitos trabalhistas e previdenciários”, disse.

A presidente do Sincomerciário (Sindicato dos Empregados do Comércio), Santa Regina Zagretti, afirmou que as mudanças não podem ser impostas pela Congresso. “Só em Ribeirão, são mais de 40 mil comerciários e não podemos permitir que alterações na legislação trabalhista e previdenciária coloquem em risco os direito deles”, disse. 

Renato Lopes / Especial
Integrantes da Frente Nacional de Luta engrossam movimento no Centro; veja mais fotos na galeria (foto: Renato Lopes / Especial)

 

Lojistas registram queda brusca nas vendas

O presidente do Sincovarp (Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão), Paulo César Garcia Lopes, avaliou que a greve gerou reflexos negativos para o setor. “Registramos queda de 50% nas vendas no último dia útil do mês. Apesar de reconhecer a importância da paralisação, do direito dos trabalhadores, ela aconteceu em um momento ruim, principalmente porque tivemos poucos dias úteis em um mês com dois feriados”, disse Paulo. Para o sindicalista, as lojas abriram normalmente, mas o clientes não compareceram por falta de transporte. “O comércio depende da vinda dos clientes. Com as vendas em alta, nós conseguimos manter os empregos”. Em Ribeirão, o Sincovarp possui em torno de oito mil empresas associadas e todas elas abriram normalmente ontem.

Paralisação atinge 50 escolas, diz Apeoesp

Mais de 50 das 69 escolas estaduais de Ribeirão ficaram fechadas porque os professores e  servidores do setor administrativos aderiram à paralisação geral. O balanço foi divulgado pelo diretor local da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), Mauro Inácio, ao avaliar que a adesão foi positiva e reflete o real descontentamento da categoria. “A participação em massa dos servidores de Ribeirão fortalece  a mobilização nacional”, disse Mauro.

Segundo ele, a maioria dos cinco mil professores é mulher. “E elas não podem perder qualquer direito seja trabalhista ou previdenciário”, diz.

A Secretaria de Estado da Educação não rebateu as informações da Apeoesp. Informou somente 49 escolas no Estado ficaram fechadas.

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