Família faz 'sopão' para moradores de rua de Ribeirão Preto

13/02/2017 19:00:00

Doações de macarrão, legumes, carne, pão, água, suco e doces são bem-vindas; saiba como ajudar

Matheus Urenha / A Cidade - 9.fev.2016
Aproximadamente 80 moradores de rua recebem a sopa às quintas-feira; clique na imagem para abrir galeria (Foto: Matheus Urenha / A Cidade - 9.fev.2016)

 

Ao ficar desempregada, a gestora de recursos humanos Veruska Ferreira Garcia, 36 anos, fez o improvável: reuniu a família, fez sopa de macarrão com legumes e saiu alimentando moradores de rua de Ribeirão Preto. "Pensei 'tem gente precisando mais do que eu'", conta.

VEJA FOTOS

Passados oito meses, Veruska já conseguiu um emprego e continua dando sopa para os moradores de rua. "Me faz bem", afirma.

Todas as quintas-feiras, a matriarca da família, dona Sueli, 64, começa a preparar a sopa ainda de manhã. "Uso 3 kg de macarrão e 6 kg de legumes. Dá uns 36 litros de sopa", destaca Sueli.

Às 18h30, a família se reúne e, por volta das 20h, Veruska, Ana Laura, Sueli e sua xará, Carlos, Pedro e Cynthia saem pelas ruas da cidade. "Passamos pela Via Norte, avenida Brasil, avenida Saudade, rua Pernambuco e rua Major de Carvalho", relata a matriarca.

A família entrega um marmitex com sopa, uma garrafa de água, um copo de suco, um pão e uma paçoca de amendoim para cerca de 80 moradores de rua.

"Algumas pessoas falam que estamos alimentado drogados, dizem que não adianta dar esmola. Acho que essas pessoas são pobres de espírito. Estou fazendo o meu papel de cidadã, de pessoa de bem", afirma.

Segundo Veruska, os moradores de rua são muito respeitosos e ficam extremamente agradecidos ao ganharem comida. "Uma vez, um senhor ajoelhou, levantou as mãos para o céu e falou 'os anjos chegaram'. Ele disse que era a primeira refeição que ele faria no dia e já eram 21h", recorda.

Veruska diz que o pouco que sua família e ela fazem é muito para os moradores de rua. "Já aconteceu de acabar a sopa, nós darmos só pão, água, suco e paçoca e eles agradecerem mesmo assim."

"Um dia desses estava chovendo e tinha um senhor chorando. Perguntei o que tinha acontecido e ele me falou que estava sem nenhuma coberta. Fui até a minha casa, peguei uma coberta e dei para ele. Ele disse 'você não sabe o bem que você está fazendo para mim'. Aquilo me marcou", conta.

Para dona Sueli, dar sopa para os moradores de rua é gratificante. "Cada dia voltamos com uma lição de vida. Lembro de um dia que fomos entregar sopa debaixo de chuva e o pessoal pediu roupa. No meio das camisetas que doamos tinha uma do Comercial. Um dos meninos ficou feliz da vida. Foi emocionante", ressalta.

"Outra vez, um homem falou 'vocês podiam vir todo dia'. Dói o coração ouvir isso. A gente queria fazer mais, mas infelizmente não dá", lamenta Sueli.

A família depende de doações de alimentos para fazer o "sopão". Quem puder ajudar pode entrar em contato pelo telefone (16) 3639-4944.



    Mais Conteúdo