Veículo foi arrastado pela avenida Caramuru no mês passado e o prejuízo foi de R$ 1.500
No dia 12 de janeiro, a chuva forte que atingiu Ribeirão Preto causou enxurradas e alagamentos, e também muito prejuízo. Guilherme de Gusmão, músico de 32 anos, foi um dos ribeirão-pretanos que, além de ter se arriscado na enxurrada, terá de arcar com o dano financeiro.
Naquela quinta-feira, ele, que agora é conhecido nas redes sociais como ‘surfista de enchente’, transitava pela avenida Caramuru próximo à rua Rangel Pestana, zona Oeste, quando a chuva começou e, rapidamente, provocou o alagamento. Segundo a Somar Meteorologia, no dia 12 de janeiro, Ribeirão registrou chuva de aproximadamente 60 milímetros em seis horas, o que equivale a 20% do que foi esperado para todo o mês de janeiro.
A água entrou no motor do veículo do músico, um Fiesta 2006, que parou de funcionar. Sem muitas opções, Gusmão saiu pela janela e subiu no teto do carro.
“Fiquei em cima do carro até a água baixar. Era água de esgoto e eu não sabia se estava contaminada, além disso, não sabia se havia boca de lobo. Preferi não arriscar.”
A enchente arrastou o veículo por 25 metros. Sem seguro, ele teve de contratar um guincho particular para levar o veículo até uma oficina.
Dor de cabeça
A limpeza do motor e a troca de alguns itens somou R$ 1.500. E não parou por aí, pois o carro continua apresentando defeitos e com mau cheiro.
Gusmão procurou a Defensoria Pública do Município para tentar um ressarcimento e foi advertido que, se isto ocorrer, pode demorar muito tempo.
Sem seguro ou perspectiva de ressarcimento por parte da prefeitura, Gusmão teve a ideia de fazer uma rifa entre amigos e conhecidos para levantar fundos e pagar o prejuízo.
A rifa de um jogo de lençol e toalhas de banho custa R$ 10 o número.
Para quem tem seguro, o alerta!
Dori Boucault, advogado especialista em direito do consumidor, alerta que para ter assistência do seguro é necessário que haja uma cláusula específica garantindo a cobertura em casos de enchentes e enxurradas, por exemplo. O mesmo ocorre para quedas de árvores. O dono de um carro também ficará no prejuízo em Ribeirão Preto, após galhos de uma árvore terem caído em seu carro na manhã desta quinta-feira (9).
Além disso, o consumidor não deve se aventurar em áreas sinalizadas sobre estes tipos de perigo, pois a seguradora pode entender que houve colaboração por parte do proprietário.
Segundo o advogado, o poder público tem obrigação de avisar sobre o perigo em áreas de risco. “A prefeitura tem o dever de avisar a população e sinalizar o local com placas ou sirenes”, diz.
Para acionar o poder público após prejuízos como o de Gusmão é necessário comprovar que houve negligência por parte da prefeitura. E o poder público, por sua vez, pode ser responsabilizado ou alegar que o ocorrido se deu por força da natureza ou fator imprevisível.