Sérgio Coelho, sobrevivente do crime em Ribeirão Preto, foi o primeiro a depor no julgamento e contou sua versão
O julgamento do usineiro Marcelo Zacharias Afif Cury, 42 anos, teve início às 10h15 desta quinta-feira (25) no Fórum Estadual de Ribeirão Preto. Ele é acusado da morte de Marco Antônio de Paula e João Falco Neto e da tentativa de homicídio de Sérgio Alberto Nadruz Coelho. O júri ocorre 19 anos depois do crime.
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O único sobrevivente, Sérgio Coelho, 56 anos, foi o primeiro a falar. Ele disse à juíza Marta Rodrigues Maffeis Moreira, da 1ª Vara do Júri e das Execuções Criminais de Ribeirão Preto, e aos jurados – cinco homens e duas mulheres – que, na noite do dia 5 de abril de 1997, estava no Bar da Neia, na Vila Seixas, com João quando Marco passou de carro – um Chevrolet Vectra –, pedindo a ajuda dos amigos para "resolver um problema".
No carro, Marco teria contado a João e Sérgio que havia se desentendido com Afonso, um amigo de Cury, e que iria à Choperia Albano's, na avenida Presidente Vargas, para tirar satisfação com ele.
Sérgio afirma que, chegando ao local, Marco discutiu com Fabiano, outro amigo de Cury, dando início a uma confusão. Segundo Sérgio, Cury pegou sua arma e começou a atirar de dentro do carro, uma Mitsubishi Pajero.
Foram 12 disparos, de acordo com a perícia. João foi atingido por dois tiros, Sérgio, por 3, e Marcos, por 6. Apenas um dos disparos não acertou ninguém.
Sérgio levou um tiro em cada braço e um terceiro nas costas. Ele ficou 39 dias internado, perdeu o baço e a mobilidade do pulso esquerdo. "Eu durmo com essa cena há quase 20 anos. Acordo com ela, tomo café com ela e durmo com ela", disse em juízo. "É uma situação difícil. Não precisava disso. Eu não queria estar aqui", completou.
Atualmente, Sérgio é autônomo, mora no Rio de Janeiro, é casado e tem uma filha de 3 anos. "Sonho sempre com isso. Minha mulher me mandou esquecer isso, mas não tem como esquecer", contou.
Ao ACidade ON, Sérgio afirmou que perdoou Cury, mas que espera que ele seja condenado. "Atrás de mim tem duas famílias, não sou só eu. Têm filhos órfãos, famílias destruídas", destacou. "Se pudesse mudar a história, a gente mudava. Se eu soubesse na hora onde eu estava, o que era, eu não iria", acrescentou.