Furto de fios em posto de saúde deixa 700 sem atendimento

06/10/2015 11:06:00

Funcionários reivindicam presença de um guarda municipal durante o expediente e de vigia noturno de madrugada

Mastrangelo Reino / A Cidade
O frentista Harlei Novaes foi ontem ao posto de saúde para tomar uma vacina de complexo B, mas terá de voltar somente amanhã (foto: Mastrangelo Reino / A Cidade)

O furto de fios de cobre de dois aparelhos de ar-condicionado na USF (Unidade Saúde da Família) Vila Albertina, na zona Norte, foi a gota d’água para os funcionários da unidade clamarem por mais segurança. Em protesto, os atendimentos no posto foram suspensos ontem e hoje. Ao todo, cerca de 700 pacientes foram prejudicados.

Em três meses, foram três ocorrências de furto de fios na unidade. No início deste ano, um televisor foi furtado de dentro do posto.

Um dos médicos da unidade, Randal Vinicius Bianchi, diz que a falta de segurança não ocorre somente durante a noite. “Há três semanas um cidadão entrou e se trancou no banheiro do posto, provavelmente para usar droga. Quando a Guarda Municipal chegou, ele tinha ido embora”, contou. Pacientes e funcionários da unidade relataram episódios recentes de violência.

A reivindicação dos funcionários é que um guarda municipal fique na porta do posto e seja providenciado um vigia noturno. “Não descartamos a possibilidade de ampliar os dias de protesto”, disse uma funcionária que preferiu não se identificar.

Consultas agendadas com pediatras e clínicos gerais, aplicações de vacinas e entregas de medicamentos deixaram de ser feitos ontem e hoje. A unidade deve ser reaberta amanhã. Pacientes são orientados a procurar os postos Presidente Dutra, Marincek, ou a Distrital de Saúde do Quintino 2.

Cara na porta
O frentista Harlei Ribeiro Novaes, 57, foi ontem à unidade tomar uma injeção de complexo B, mas teve de voltar para casa. “Vou vir na quarta-feira. É lamentável que isso ocorra, os ladrões não têm consciência de nada”, diz.

A operadora de telemarketing Isabela dos Santos, 25, também deu com a cara na porta. Ela foi à USF para tomar uma injeção mensal de contraceptivo. “Quem acaba sofrendo somos nós”.
Se não bastasse o mal-estar aos pacientes e funcionários, a falta do ar-condicionado coloca em risco a conservação das vacinas.

“Na quinta-feira passada tivemos de jogar dez doses de vacina contra febre amarela fora por causa da temperatura”, disse uma auxiliar de enfermagem.

Crimes também ocorrem em plena luz do dia

Uma funcionária do posto, de 56 anos, diz que os crimes não estão restritos ao período noturno. Há um mês, ela chegava à USF da Vila Albertina para trabalhar, por volta das 6h50, quando teve sua bolsa puxada por um motoqueiro.

Ela reagiu e não deixou o criminoso levar a bolsa, mas, por sorte, só saiu com escoriações no braço esquerdo. “Hoje me sinto insegura para vir ao trabalho”, conta. No fim, o ladrão não conseguiu levar a bolsa.

Ex-funcionária de serviços gerais e hoje paciente do posto de saúde, a auxiliar de limpeza S.C.P., 51 anos, foi obrigada a entregar a bolsa para um criminoso de bicicleta que a abordou a apenas uma quadra do posto de saúde.

Em uma atitude extremamente perigosa, ela também não entregou o conteúdo e saiu correndo para um bar próximo.

“Corri porque ele estava com a mão por dentro da camisa, não sei se a arma era de verdade, admito que corri risco e que não poderia fazer o que fiz. Todos aqui estão amedrontados”, concluiu.

O furto dos fios ocorreu na madrugada de sábado para domingo. Ninguém foi preso.

Força-tarefa conjunta coíbe furto de fios

O A Cidade mostrou, na edição do último sábado, que uma força-tarefa deflagrada pelo Ministério Público, em parceria com a Polícia Militar e com a prefeitura, culminou na prisão de cinco homens suspeitos de receptação de fios de cobre e na lacração de seis ferros-velhos localizados nas zonas Norte e Oeste da cidade.

Somente em setembro, 34 boletins de furto de fios foram registrados nas delegacias da cidade.

Segundo o Ministério Público, o problema vai muito além do ato de furtar, pois a maior parte desses delitos é cometida por usuários de drogas.

De acordo com informações da Transerp (Empresa de Trânsito e Transporte Urbano), os mais de dois quilômetros de cabos semafóricos de cobre furtados em Ribeirão nessas ocorrências causam transtornos que vão além do prejuízo financeiro.

A empresa informou que foi necessário contratar agentes para ficarem na sala de monitoramento 24 horas por dia para poder avisar a Polícia Militar.

Patrulhamento será intensificado, diz secretaria

Questionada se um guarda municipal será deslocado para ficar durante o dia na unidade e sobre a contratação de um vigia noturno, a Secretaria Municipal de Saúde informou apenas que o patrulhamento da Guarda Municipal será intensificado em todos os postos.

“Atos como o ocorrido no último final de semana na USF Vila Albertina são cada vez mais frequentes e atingem, além de prédios públicos, prédios comerciais, agências bancárias, entre outros”. 

Os aparelhos que foram destruídos por vândalos para retirada da fiação de cobre serão repostos “o mais breve possível”, mas a pasta não deu prazos. 

A Polícia Militar ressalta a importância do registro de boletim de ocorrência em todos os casos para que o operacional seja empregado de forma efetiva.

“Nas unidades de saúde temos o apoio da Guarda Municipal, que exerce sua missão de proteger bens, serviços e instalações”.


 



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