Estudantes da Unesp ficarão dois anos sem "bandejão"

03/09/2015 09:07:00

Segundo a universidade, obra do novo restaurante universitário seria entregue em 360 dias, mas o prazo "esticou"

Marcos Leandro
Espera Além dos atuais 250 dias, os estudantes devem enfrentar outros 470 sem o restaurante

Desde o início deste ano, os estudantes da Unesp de Araraquara têm que se virar para se alimentarem dentro da universidade. O antigo restaurante universitário, o “bandejão”, que seria reformado e entregue no prazo de um ano, foi demolido em janeiro e, desde então, a obra está paralisada. A previsão é que o espaço só seja reaberto em 2016, caso uma nova empresa seja contratada ainda este ano.

Com o fim do restaurante universitário, os estudantes que antes pagavam R$ 2,75 pelas refeições — almoço e janta —, hoje, precisam apertar os cintos para controlarem suas despesas. “Alguns alunos precisaram deixar o curso por não terem condições de se manter”, diz Mariana Marques, estudante do segundo ano do curso de Ciências Sociais.

Na cantina do câmpus de Ciências e Letras, por exemplo, o valor pago pela alimentação é sete vezes maior que o cobrado pelo “bandejão”, cerca de R$ 21,50 o quilo.

Segundo a Unesp, o atraso na construção foi provocado pela empreiteira responsável, que “interrompeu a obra por um período de tempo muito grande, o que desencadeou a quebra de contrato”.

O novo “bandejão”, que seria entregue em 360 dias, só deverá ser concluído no final de 2016 — um ano a mais que o previsto inicialmente. “A Faculdade de Ciências e Letras cumpriu até o dia 31 de agosto o prazo de recurso da classificação das propostas encaminhadas pelas empresas participantes no novo processo de licitação. A partir do dia 15 de setembro, a nova empresa será convocada para assinatura do contrato”, esclarece a universidade.

AUXÍLIO - Segundo a Unesp, a unidade da FCL estabeleceu um valor de R$ 110, como complemento de custo com alimentação aos benefícios que os alunos considerados socioeconomicamente carentes já recebem da universidade.

Marcos Leandro
Com o fim do ‘bandejão’, muitos estudantes deixaram de permanecer na universidade em período integral

Marmita é uma das opções para os alunos - Enquanto o impasse na obra do restaurante universitário continua, a alternativa encontrada pelos estudantes foi reivindicar, junto à Reitoria, o fornecimento de uma copa, para que marmitas pudessem ser armazenadas. “A Universidade oferece um espaço com geladeira e forno de micro-ondas. Mas nem sempre o horário de funcionamento é compatível com os horários que os alunos têm disponíveis”, afirma Sumaya Soares, estudante do curso de Letras.

Os centros acadêmicos da universidade também propuseram o fornecimento de marmitas, porém, a Unesp considerou inviável subsidiar a alimentação. “Foram feitas pesquisas, como o tipo de alimentos que os estudantes consomem e quantas vezes por dia. A ideia era o fornecimento de marmitas, mas seria necessário o subsídio da universidade para que o valor se equiparasse ao ‘bandejão’”, justifica José Francisco Mangili, coordenador-geral do Caff (Centro Acadêmico de Ciências Sociais ‘Florestan Fernandes’).

No entanto, de acordo com a Unesp, para atender a quantidade de marmitas solicitadas pelos estudantes, cerca de 1,2 mil por dia, seria necessária a abertura de um processo de licitação. “Com dinheiro público não se pode fazer compra constante de mesmo produto, nem haveria orçamento disponível para atender a essa solicitação”, explica a universidade, em nota.

Segundo os estudantes, o subsídio seria referente aos mesmos R$ 3,75 que a Universidade já abatia no valor de R$ 6,50 do restaurante universitário. “As empresas de marmita exigiam em torno de R$ 6 a R$ 6,50, o que é inviável para os estudantes”, justifica Henry Capelossi, estudante do curso de Letras.

Permanência Estudantil - Com o fim do ‘bandejão’, muitos estudantes deixaram de permanecer na universidade em período integral. “É um problema que afeta a permanência estudantil, já que muitos estudantes deixaram de frequentar os espaços da universidade para poderem voltar para casa e se alimentar”, conta Henry Capelossi, estudante de Letras. (colaborou Milton Filho)

 



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