Plano de recuperação da Mata de Santa Tereza ainda segue no papel

30/06/2015 09:35:00

Até o momento, Fundação Florestal só colocou em prática medidas exigidas pela Justiça após incêndio

F.L.Piton / A Cidade
Fogo: Mata de Santa Tereza destruída após incêndio (foto: F.L. Piton / A Cidade)

Passados nove meses dos incêndios que atingiram a Mata de Santa Tereza, o plano de trabalho para a recuperação da estação ecológica ainda não está pronto. De acordo com a Fundação Florestal, responsável pela gestão da reserva, as ações a serem executadas para reparar a floresta serão conhecidas apenas em agosto.

A mata, que possui uma área de 154 hectares e mais de 300 espécies, pegou fogo diversas vezes em setembro do ano passado. Nenhum animal morreu ou ficou ferido, mas ao menos 90 hectares foram danificados.

A devastação pode ser observada nas imagens de satélite de Ribeirão Preto de 2014 e de 2015. Atualizadas pelo Google na semana passada, as imagens deste ano mostram as áreas da estação ecológica que foram queimadas. São vários pedaços marrons que antes eram completamente verdes.

O gestor da reserva, Guilherme Araújo, explica que, em dezembro do ano passado, um grupo de trabalho foi constituído para desenvolver estudos e propor ações de recuperação ambiental da floresta.

Segundo Guilherme, o grupo redigiu e entregou o termo de referência, que dá subsídios para a elaboração do plano de trabalho, em fevereiro deste ano. “Com este termo de referência será confeccionado o plano de trabalho, que indicará as ações a serem executadas pela empresa detentora do termo de compensação e recuperação ambiental para a recuperação da Estação Ecológica de Ribeirão Preto”, esclarece o gestor.

Até agora, a Fundação Florestal só colocou em prática as medidas exigidas pela Justiça. Assim que a mata pegou fogo, o Gaema (Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente), do Ministério Público, propôs uma ação civil pública cobrando do órgão estadual providências para o combate a incêndios no local.

Em setembro, a juíza Lucilene Aparecida Canella de Melo, da 2ª Vara da Fazenda Pública de Ribeirão Preto, concedeu uma liminar e determinou a construção de torres de observação na estação ecológica, a implantação de uma brigada de incêndio, a elaboração de um plano de emergência, a contratação de vigilantes noturnos e a apresentação de um projeto de manejo da fauna existente ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

Fogo foi causado por velas de ritual religioso

O incêndio que assolou a Mata de Santa Tereza teve início na noite do dia 31 de agosto e perdurou até o fim da tarde do dia 3 de setembro. Nos dias 15 e 17, a reserva voltou a pegar fogo, mobilizando o Corpo de Bombeiros da cidade.

Segundo a Polícia Ambiental, o primeiro incêndio foi causado por velas acesas na zona de amortecimento da mata em um ritual religioso. Já os demais foram motivados pela baixa umidade relativa do ar. 

A Prefeitura de Ribeirão Preto diz que participa de forma efetiva do projeto de recuperação da floresta. Três dos 15 integrantes do grupo de trabalho formado para desenvolver estudos e propor ações de recuperação ambiental da mata pertencem à Secretaria Municipal do Meio Ambiente.

Em outubro, a pasta chegou até a anunciar que disponibilizaria 100 mil mudas nativas ao órgão, mas o presidente da entidade, Ítalo Mazzarella, informou que, antes de plantá-las, era necessário realizar um georreferenciamento das árvores matrizes.



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