Empreiteiras abandonam obras do PAC

22/05/2015 08:31:00

Iniciadas em outubro do ano passado, obras estão paradas desde abril; prefeitura diz que notificou empresas

F.L. Pinton/A Cidade
Com obras paradas, lama toma conta do Recreio Anhanguera. (Foto: F.L.Piton/A Cidade)

Duas obras de saneamento do PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento) iniciadas em outubro de 2014 estão paradas desde abril. No Jardim Itaú e Recreio Anhanguera, as empresas responsáveis por contratos que, somados, chegam a R$ 7,8 milhões, abandonaram o local, deixando muita lama e reclamação dos moradores.

A situação mais crítica é no Jardim Itaú. Em 20 de abril, a empresa Prime Infraestrutura S.A deveria ter concluído a pavimentação asfáltica de 26 quadras, implantação de 3,4 km de galerias de águas pluviais em 3,4 km, construído calçadas, redes de esgoto e de água, ao custo de R$ 2,9 milhões.

Mas, segundo moradores, há quase dois meses, a empreiteira não comparece ao local. Deixou para trás, além de ruas de barro e restos de tubulações de concreto, os sonhos do aposentado Antonio Rezende, de 69 anos – metade deles morando no bairro esperando por infraestrutura. “Eles já haviam parado no Natal e só voltaram em fevereiro. Depois, no início de abril, sumiram de novo. Olha só o estado que deixaram”, diz.

As ruas sempre foram de terra, mas estavam bem assentadas. A empresa escavou para colocar as tubulações, mas deixou de asfaltar – com isso, o solo ficou fofo. A cada chuva, o bairro se torna um lamaçal.

Uma retroescavadeira chegou a ficar abandonada na frente da casa de Antonio desde abril. “Só vieram buscar no sábado (passado).”

Na rua Prisco Prates, a situação é ainda pior. Segundo a comerciante Marta da Silva, a Prime abriu os buracos à toa. “Os funcionários disseram que a empresa não estava pagando e, por isso, sequer colocaram a tubulação. Abriram e fecharam o buraco, apenas isso”, diz.

A prefeitura diz que já notificou a Prime “diversas” vezes, a última delas na semana passada, mas quer evitar o rompimento do contrato.

No Recreio Anhanguera, funcionários da Talude – com contrato de R$ 4,9 milhões para pavimentação e galerias de esgoto e águas pluviais – não comparecem ao local há cerca de 20 dias. Ela foi notificada oficialmente essa semana pela prefeitura.

Secretário quer evitar quebra do contrato

F.L. Pinton/A Cidade
Moradores do Jardim Itaú lamentam paralisação dos serviços e reclamam da lama deixada no bairro. (Foto: F.L.Piton/A Cidade)

O secretário de Obras, Abranche Abdo, explica que a prefeitura está tentando, de todas as formas, evitar o rompimento do contrato com a empresa Prime Infraestrutura no Jardim Itaú.

“As obras lá são relativamente simples de serem concluídas. Se rompermos o contrato seríamos ainda mais prejudicados, pois teríamos que fazer uma nova licitação, o que demandaria tempo. Além disso, pagaríamos um preço muito maior, pois o contrato foi firmado com os valores de outubro do ano passado”, afirma.

Ele ressalta que a Prime foi a vencedora de uma licitação, e que a prefeitura não tinha como prever que haveria problemas na execução. Abranche afirma que as obras no recreio Anhanguera estão dentro do cronograma – o prazo de conclusão é até dezembro de 2015.

Inicialmente, a prefeitura informou que as chuvas e um problema na rede de esgoto originaram a paralisação dos serviços. Ontem, entretanto, o Executivo afirmou que notificou a empresa para o “a retorno urgente dos serviços”.

Prime diz que obra será retomada

O representante da Prime em Ribeirão Preto, Wagner Bonini, informou que a empresa irá retomar as atividades no Jardim Itaú na próxima semana.

Segundo ele, a chuva foi a responsável pela paralisação da obra. “Não há nenhum problema por parte da prefeitura”, informou ele. O A Cidade apurou que a empresa passou por problemas financeiros internos, o que resultou na paralisação das atividades.

Um representante da Talude, com sede em São Paulo, informou à reportagem que não tinha conhecimeto da notificação da prefeitura. A Spel, que auxilia a Talude nas obras, afirmou que 90% das redes de água e esgoto do local estão concluídas.

Desapropriação atrasa av. do Piripau

Problemas com desapropriações estão travando duas obras viárias consideradas prioritária para a prefeitura de Ribeirão Preto.

Anteontem, o Executivo rompeu o contrato com a Prime Infraestrutura (mesma empresa que abandonou as obras no Jardim Itau) e a DGB Engenharia e Construções para construção de galerias e pavimentação no alargamento da Avenida Alfredo Ravanelli, conhecida como Estrada do Piripau, na zona Leste do município.

Segundo o secretário de Obras, Abranche Abdo, a prefeitura está com problemas na desapropriação de terrenos. As obras chegaram a ser iniciadas no começo do ano, mas foram paralisadas.
As desapropriações também dão dor de cabeça para o Palácio Rio Branco na Avenida Antônio Mugnatto Marincek.

Orçada em R$ 18,7 milhões, a duplicação da via ainda está longe de se tornar realidade. Das 16 áreas que precisam ser desapropriadas, apenas cinco foram incorporadas até agora à prefeitura.



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