Violência é ponto negativo de Ribeirão Preto

30/10/2014 09:40:00

Moradores apontam a criminalidade como principal defeito da cidade. Quem vive no Centro tem mais medo

A insegurança é uma das principais preocupações dos ribeirão-pretanos. É o que aponta uma pesquisa da ACIRP (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto) e Fundace, divulgada ontem. Dos entrevistados, 44% disseram que a violência e a criminalidade são os principais problemas da cidade.
E essa percepção só tem crescido nos últimos anos. Na mesma pesquisa, realizada no ano passado, a violência era o principal problema para 33,5% dos que responderam. Em 2011, esse índice era de 25%. Já no primeiro ano da pesquisa, 2009, o total de pessoas que apontavam a violência e a criminalidade como principais problemas também foi de 44%.

Em relação à sensação de segurança, os dados também são alarmantes, apenas 16,2% dos ouvidos pela pesquisa disseram que se sentem seguros em Ribeirão. O menor índice desde 2009. No ano passado, 43,7% dos entrevistados disseram que se sentiam seguros na cidade.

E quem mora na região central da cidade sofre mais com esse sentimento. Apenas 12,5% dos moradores do Centro disseram que se sentem seguros, enquanto 68,8% responderam que se sentem pouco seguros. Os entrevistados que moram na zona Sul da cidade são os que se sentem um pouco mais seguros, mesmo assim, os números ainda preocupam: 23,7% disseram que a região é segura, 63,2% que é pouco segura.

Orgulho
E se a sensação de falta de segurança aumenta, por outro lado, o orgulho de quem vive na cidade vem caindo ano a ano.

Cerca de 50% das pessoas ouvidas em 2009 diziam sentir orgulho serem de Ribeirão. Este ano, o índice ficou em 34,1%. Em seis anos, o número de pessoas que não sentem orgulho de ser ribeirão-pretano também aumentou de 5,9% para 14,2%. “Esses dados mostram um pouco de insatisfação, da vontade de mudança até”, explica o economista Fred Guimarães, responsável pela pesquisa.

Arte / A Cidade
Violência é ponto negativo de Ribeirão Preto (Arte / A Cidade)

 

Você se sente seguro?

A pesquisa Qualidade de Vida 2014, da ACIRP (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto) e Fundace, revela que 80% de 402 ribeirão-pretanos entrevistados consideram a cidade pouco (61%) ou nada segura (20%). 

Dos entrevistados, 44% também apontaram que os principais problemas da cidade são a violência e a criminalidade. E a diferença para o segundo colocado no ranking de “defeitos”, o trânsito, é grande, de 30 pontos percentuais. O trânsito é principal problema para 14% dos ouvidos.

O responsável pela pesquisa, o economista Fred Guimarães, diz que esses resultados mostram dados alarmantes. “Indicam que as pessoas estão reconhecendo que existe um problema na cidade.”

Ontem, dia em que a pesquisa foi divulgada, o A Cidade aproveitou para saber de dez ribeirão-pretanos se eles se sentem seguros morando no município. Eles foram unânimes em afirmar que “não”, e os motivos são variados, mas o principal deles é a falta de policiamento.

Guimarães afirma que o item segurança buscou abranger, além de falta de policiamento, a falta de segurança de forma mais ampla, que engloba a mobilidade urbana, o trânsito e a infraestrutura da cidade.

“O fator da criminalidade e violência está nos dados disponibilizados no site da Secretaria de Segurança Pública. Isso é preocupante para o investidor e para o empresário que pensa em atuar em Ribeirão. No entanto, nosso objetivo ao fazer a pesquisa é também o de nortear o poder público para que eles tragam melhores condições para a população”, explica.

O representante comercial Dirceu Bezerra de Oliveira, 55 anos, diz que não se sente seguro em morar em Ribeirão. “Há três anos perdi minha esposa no trânsito da cidade, que acho muito violento. As pessoas ultrapassam sinal vermelho e tem pouca fiscalização”, diz.

Para Beatriz Faria de Paula, 52, trabalhadora autônoma, a segurança está longe de ser ideal na cidade. “Tenho medo de assalto à mão armada, sequestro relâmpago e acho que a nossa segurança está péssima”.

Arte / A CidadePesqui
Pesquisa foi realizada pela ACIRP e divulgada na quarta-feira

Família leva à satisfação

Quando o assunto é “satisfação pessoal”, a pesquisa Qualidade de Vida 2014 mostrou que o principal item para os ribeirão-pretanos entrevistados é a valorização da família. Do total de entrevistados, 22,6% disseram que conviver mais com a família é o que os torna pessoas mais realizadas (Veja infográfico acima).

Segundo o economista Fred Guimarães, responsável pela pesquisa, nos anos anteriores, esse quesito era um dos últimos itens apontados pelos entrevistados. 

Hoje, ele ficou à frente de condições como “ter dinheiro”, 17,4%, “ter um emprego melhor”, com 13,4%, e “cuidar mais da saúde”, 12,9%.

Em 2009, primeiro ano da pesquisa, apenas 8,4% disseram que conviver com a família era o principal para a satisfação pessoal. 

“Acho que existe um fator para isso ocorrer. A economia não está crescendo tanto, então, com esse crescimento restrito, as pessoas entendem que a família é mais considerada”, diz Guimarães. 

Ainda de acordo com o economista, outro fator que levou a esse resultado foi a mudança de valores. “Esses valores da sociedade atual vem se modificando a cada ano também”, diz. 

Iluminação e ação

A reportagem questionou a Secretaria de Segurança Pública e a Ribeirão sobre como mudar esse cenário de insegurança dos moradores.

Em nota, a administração municipal diz que já foram trocadas 8 mil lâmpadas pelo programa Ribeirão Mais Iluminada, “serão substituídas todas as lâmpadas de 70, 80 e 100 watts, instaladas por novas unidades de 150 watts. Equiparando, assim, com a iluminação já existente na Região Sul da cidade.” Além disso, a prefeitura diz que a cidade conta com os Olhos de Águia e ressalta contato frequente com o governo estadual pela segurança. 

Já o governo, por meio da SSP, diz que não comentaria a pesquisa por não conhecer a metodologia. Mas, esclareceu que as polícias Civil e Militar estão combatendo a criminalidade com planejamento e inteligência policial e que as ações já resultaram em queda de índices de criminalidade. 



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