Araraquarenses temem que aeroporto vire 'elefante branco'

18/09/2014 12:43:00

Passageiros e setor econômico não entendem a decisão da Azul que anuncia fim dos voos

Marcos Leandro/Tribuna Impressa
Passageiros desembarcam no Aeroporto de Araraquara (Marcos Leandro/Tribuna Impressa)

O setor produtivo de Araraquara, passageiros, taxistas e empresários dizem não entender a decisão da Azul de deixar de operar no Aeroporto “Bartholomeu de Gusmão”, a partir de novembro, e temem que a estrutura vire um “elefante branco”.

A justificativa oficial, falta de demanda, é contestada. A esperança é que outra companhia ocupe a vaga e mantenha o movimento do aeroporto, reinaugurado há menos de um ano.

O gerente regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Charles Bonani, acredita que a saída da empresa é “jogo político”. “A Azul foi incoerente nos argumentos. Primeiro, diz que tem demanda, depois, volta atrás”, afirma.

Segundo ele, o plano de expansão da pista para receber voos de carga não sofre interferência, pois são coisas distintas.

Para Jaime Vasconcellos, economista do Sincomércio (Sindicato do Comércio Varejista de Araraquara), a notícia é ruim e um passo para trás. “A rota não é tão útil para quem precisa fazer negócios na Capital, que é a principal demanda.”

Sem entender
O empresário Valquírio Ferreira Cabral Júnior, que costuma usar o aeroporto frequentemente, classifica a medida como lamentável. “Todas as vezes em que eu peguei os voos, estavam lotados. Não dá para entender. É uma pena, pois isso afasta negócios”, analisa.

Ele torce para que outras companhias operem na cidade. “O aeroporto, reformado, bonito, pode voltar a servir só para os voos particulares”, diz Cabral Júnior. Presidente da Acia (Associação Comercial e Industrial de Araraquara), Renato Haddad acredita que a Azul teve uma superexpectativa. “Isso, às vezes, ocorre no comércio e no setor de serviços. Mas temos a estrutura pronta.
Não serve para um, mas serve para outro.”

Prejuízo
Passageiros também não entendem a decisão da Azul. O professor de Educação Física André Capi, 39, viaja toda semana para Belo Horizonte, onde termina um mestrado, Rio de Janeiro e Brasília.

“Os voos que fiz estavam cheios. Seria melhor se deixassem o da manhã”, afirma. Ele acha que suas viagens ficarão mais caras. “Minha mulher terá de me levar a Ribeirão Preto.”

A dentista e estudante Danielle Wajngarten, 24, usa o aeroporto pelo menos três vezes por mês para visitar a família, no Rio de Janeiro, e o namorado, em Porto Alegre. “A Azul não tem razão.
Os voos estão quase lotados. Minha viagem vai levar mais tempo e ficar mais cara.”

A suspensão dos voos também vai afetar a vida do taxista João Batista Pereira, 33. “Faço duas corridas para cada voo, incluindo a Eletronorte [subestação de energia], a Embraer [em Gavião Peixoto] e hotéis do Centro. Estimo uns R$ 1,5 mil de prejuízo, chutando baixo.”

Ponto final
Em nota, a Azul Linhas Aéreas, terceira companhia aérea do Brasil em participação de mercado, diz que vai suspender os voos a partir de 3 de novembro por causa do “baixo movimento de clientes apresentado nesta rota, tornando a sustentação do voo economicamente inviável”. Quem comprou passagem para viajar depois de 1º de novembro terá o reembolso do valor.

Procuradas, as duas maiores empresas do País, TAM e Gol, não confirmaram interesse em operar no aeroporto da cidade.

A reportagem completa você confere na Tribuna Impressa desta quinta-feira (18). 



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