Burle e Pandora serão treinados para encontrar desaparecidos

17/09/2014 07:25:00

Filhotes da raça bloodhound passarão por 1 ano e meio de treinamento no Canil da PM e também vão ajudar a achar fugitivos

Marcos Leandro/Tribuna Impressa
Policiais do Canil recebendo carinho de Burle e Pandora; novos cães serão treinados por um ano e meio para encontrarem pessoas (Marcos Leandro/Tribuna Impressa)

Pela primeira vez em 50 anos, o Canil de Araraquara, do 13º Batalhão de Polícia Militar do Interior, recebeu dois cães bloodhound (também conhecida como cão-de-santo-humberto). A raça tem habilidade especial na localização de pessoas desaparecidas, soterradas sob escombros e de foragidos.

Burle, macho, e Pandora, fêmea, já estão no canil e serão treinados por um ano e meio, em sessões de adestramento diárias, para descobrir se estarão totalmente aptos a sair em ocorrências. Além de Araraquara, cerca de 20 cidades da região também serão beneficiadas com os novos ‘detetives’.

“A especialidade do bloodhound é a busca, pois essa raça tem mais células olfativas, é farejadora nata. Mas deve-se ter o treinamento para ele usar o dom que possui”, afirma o comandante do Grupamento do Canil da Polícia Militar, sargento Gabriel Veltre.

O caso de uma aposentada que desapareceu no Santa Angelina, em agosto, e foi encontrada quase três dias depois, a poucos quarteirões de casa, poderia ter sido solucionado mais rapidamente se a cidade já tivesse cães treinados para essa prática.

Segundo Veltre, durante um curso promovido pela polícia, foi apresentada uma ocorrência em que um bloodhound encontrou uma trilha utilizada por um criminoso 15 dias antes, tamanho é o poder de faro.

Valiosos
Os dois cães, brincalhões e filhotes, são de origem belga e inglesa e foram doados à PM. Se fossem comprados, eles custariam R$ 5,5 mil (R$ 3 mil pela fêmea e R$ 2,5 mil pelo macho).

Atualmente, o Canil possui 16 animais entre labradores, pastores-alemães, rottweilers e malinois, além de Burle e Pandora. Os cães ajudam a polícia em casos de tráfico de drogas e procura em matas.

“Na semana passada, foram três flagrantes por faro de drogas e, em dois meses, foram dez”, revela Veltre. Além das ocorrências de entorpecentes, os cães também auxiliam no policiamento ostensivo.

“Cada um tem a sua característica. O labrador não é tão intimidatório e pode ser levado a escolas, a aeroportos, que o público não fica com medo. O rottweiler, por ser grande, assusta e é ideal para penitenciárias e greves, por exemplo.”

50 anos
Fundado em 22 de agosto de 1964, o Canil da Polícia Militar de Araraquara é um dos 26 que existem no Estado de São Paulo e é orientado e fiscalizado pelo Canil Central, de São Paulo, que ministra cursos. A cidade conta com um veterinário responsável pelo acompanhamento da saúde dos cães.

Cães da raça são tranquilos e apegados
Raça de cachorro tida como referência quando o assunto é farejamento, a bloodhound também é conhecida pela tranquilidade (até confundida com a timidez), por ser muito apegada ao dono e de fácil adestramento.

Grande perseguidor de caça, o ‘cão-de-santo-humberto’ é inteligente e considerado um bom animal de companhia, mas um pouco lento. A altura média para os machos é de 67 cm e, para as fêmeas, cerca de 60 cm.

Sua origem é motivo de discussão. Oficialmente, surgiu em uma região de montanhas da Bélgica, mas foi introduzida na Inglaterra e batizada com o nome de bloodhound. Os ingleses reivindicaram sua paternidade, mas ela foi oficialmente considerada como belga. 



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