Nivaldo Messias Gonçalves foi atropelado em frente à Unip, na avenida Alberto Benassi, no dia 7. (Foto: Colaboração)

“Minha filha de seis anos perguntou quando saíamos do cemitério se, no dia seguinte, voltaríamos para buscar o papai.” Maria Cristina Negro Gonçalves, de 44 anos, ainda não sabe o que responder para a menina. A única certeza é a de que seu marido entrará para uma triste estatística.

O trânsito de Araraquara fez 30% mais vítimas fatais nos primeiros seis meses de 2014 que em comparação ao mesmo período do ano passado. Nivaldo Messias Gonçalves, 46 anos, marido de Maria Cristina, engrossará essa lista.

Índice igual foi anotado nos casos de lesão corporal, ou seja, pessoas que se feriram em acidentes. Os dados são da SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública). A Prefeitura de Araraquara rebate os números.

De acordo com o levantamento da SSP, de janeiro a junho de 2013, dez pessoas morreram em decorrência de acidentes de trânsito na cidade. Os casos saltaram para 13 neste ano.

O número de pessoas feridas em acidentes com registro de boletim de ocorrência também aumentou — de 169 para 221 casos entre os semestres.

Em contrapartida, o coordenador de Mobilidade Urbana do município, Coca Ferraz, diz que os números da SSP não podem ser considerados em sua totalidade. “Esses dados também contam índices de estradas da cidade, fora da área urbana, local onde temos atuado”, diz.

Para Ferraz, as várias ações feitas nos últimos meses na cidade têm trazido soluções para o violento trânsito de Araraquara. “O incremento nos radares já ajuda a inibir a velocidade, fator que colabora nos acidentes. As mudanças que fizemos nas vias problemáticas da cidade também se mostraram eficientes.”

Na terça-feira (29), alunos da rede municipal receberão um jornal com dicas para educação no trânsito. “Eles vão multiplicar isso em casa. Não há engenharia que dê certo se o cidadão não ajudar.”

Roubos e furtos

Outro fator relativo ao trânsito, apontado nos dados semestrais da SSP, é o aumento no número de roubos e furtos de veículos em Araraquara.

Os casos de furto subiram 37,5%, passando de 181 para 249 ocorrências. Já os roubos tiveram avanço maior: 140%, saltando de dez para 24 casos.

Viúva de vítima do trânsito tenta reconstruir vida

A vida de Maria Cristina Negro Gonçalves, diarista de 44 anos, está de ‘cabeça para baixo’, como ela mesma descreveu à Tribuna, em entrevista. Há menos de 20 dias, ela perdeu seu marido, o vendedor Nivaldo Messias Gonçalves, de 46 anos, a mais recente vítima de acidente de trânsito em Araraquara.

O caso de Nivaldo nem entrou para a estatística da SSP, pois o fato ocorreu no último dia 7, mas Maria Cristina não tem tempo para pensar em números. “Ele era o sustento da família. Agora tenho de ocupar o lugar dele também, principalmente para minhas filhas de 6, 10 e 13 anos. Essa mais velha vai fazer 15 anos no ano que vem e o sonho dela era entrar com o pai na festa de debutante. Tudo acabou.”

Ela questiona a atuação dos profissionais do trânsito da cidade. “Os agentes devem dobrar suas mangas, pois têm papel importante, e fiscalizar esses locais de maior fluxo. Pois hoje meu marido está morto e quem o matou está livre.”