Ribeirão Preto tem cinco ataques de cães todos os dias

13/07/2018 10:13:00

De janeiro a junho foram registradas 912 ocorrências do tipo; em segundo lugar nos ataques estão os gatos

Susto na rua: O aposentado Antônio Alves da Silva foi atacado por dois pitbulls no início deste ano (Foto: Weber Sian / A Cidade)
Ribeirão Preto registrou, no primeiro semestre deste ano, uma média de cinco ataques de cães contra pessoas, segundo relatório da Secretaria Municipal de Saúde. De janeiro a junho foram registradas 912 ocorrências do tipo.  

Dentre o total de 1.302 ocorrências de ataques por animais no primeiro semestre de 2018, em 70% dos casos os cães estavam envolvidos.   

Em segundo lugar no ranking estão os gatos, com 175 ocorrências, e os escorpiões 124 casos entre janeiro e junho. A maioria dos ataques é proveniente de cães da própria família.   

"As situações mais comuns que podem provocar os ataques são quando o dono tenta apartar uma briga ou tirar um alimento ou osso da boca do cão", declarou o veterinário Rogério Aparecido Longo.  

Foi o que aconteceu há quase duas semanas com a promotora de vendas Luciana Moraes Túbero, 45 anos. No dia 1º de julho, ela foi acordada com as duas cachorras brigando ao lado da cama, a poodle Mel, de 1 ano, e a foxhound americana Nina, 5 anos.  

"Fui tirar a poodle da boca da outra e a Nina me mordeu no braço direito. Também levei arranhões no braço esquerdo", relembra. A poodle Mel, bem menor e mais frágil que Nina, ficou bastante ferida teve de dar pontos no peito e no pescoço. "Ainda bem que não pegou nenhum órgão. Se a Mel fosse mais magrinha poderia ter morrido", declarou.  

Luciana tomou antibiótico por uma semana, mas o braço infeccionou. Voltou à UPA no domingo passado (8) para trocar o remédio e receber uma injeção de antibiótico e anti-inflamatório. "Ainda continuo tomando remédio, vou tomar até terça que vem (17), disse a promotora de vendas.  

Para evitar uma nova briga, a família de Luciana está mantendo as duas cadelas separadas as duas dormiam juntas no quarto de Luciana antes da briga, mas agora uma está no quarto dela e outra no quarto do filho. "Ao sair estamos deixando a Mel dentro de casa e a Nina no quintal. E quando estamos em casa ficamos de olho nas duas", concluiu. 

O que fazer em caso de ataque 

- Em caso de cães e gatos, a orientação é primeiramente higienizar o ferimento com água, sabão e álcool antes de procurar o posto de saúde mais próximo. Isso pode minimizar a chance de alguma infecção;  

- Identificar a origem do cão ou gato, se tem dono;  

- Verificar se o animal está com as vacinas em dia antirrábica e V10 para cães e antirrábica e V4 para os gatos  

- Observar cão ou gato por 15 dias para checar se ficou doente ou morreu 

Fonte: Secretaria Municipal da Saúde / Infográfico: Gaspar Martins
'Achei que iria morrer', relembra o idoso 

O aposentado Antônio Alves da Silva, 81, relembra os momentos de terror vividos há seis meses, após um ataque cometido por dois cães da raça pitbull na rua Caravelas, no Ipiranga (zona Norte), enquanto ele caminhava rumo à igreja.  

"Foi muito tenso, achei que iria morrer." Os animais escaparam de uma casa vizinha, derrubaram o idoso ao chão e o atacaram. Ao todo, foram 32 mordidas sofridas nas pernas, nádegas, barriga, braços e no queixo. "Segurei um dos pitbulls pela boca para ele não morder meu pescoço, senão poderia me matar", declarou.  

Após ouvirem os gritos de socorro, os vizinhos saíram das casas e espantaram os cães, mas a essa altura Antônio já estava bastante machucado.  

Seis meses depois do ataque, Antônio já está recuperado dos ferimentos e recebeu recentemente uma ótima notícia. "Faz uns 15 dias que levaram os dois cachorros para um sítio", afirmou.  

Antônio fez boletim de ocorrência na época do ataque, mas não quis processar o dono dos cães. "O dono não me viu, foi um acidente, estou sem sequelas, então é melhor deixar para lá. Ele ainda me deu R$ 70 para eu comprar remédio na época do ataque", concluiu. 

O aposentado Antônio Alves da Silva foi atacado por dois pitbulls no ínicio deste ano (Foto: Weber Sian / A Cidade)
Lei proíbe circulação de pitbulls 

Em Ribeirão Preto, uma lei aprovada em 2001 proíbe que cães da raça pitbull circulem por vias públicas, mesmo que presos e com focinheira.  

De acordo com as regras, os animais devem ficar em locais seguros, com portões trancados. Quando mantidos em casa, devem ficar presos a correntes reforçadas de, no máximo, 1,20 metro de comprimento e focinheira.   

A fiscalização é feita pelo CCZ (Centro de Controle de Zoonoses). Em caso de descumprimento da lei, o animal poderá ser apreendido e o dono estará sujeito a uma multa de até dez salários mínimos (R$ 9.540,00). 

Atitudes que podem prevenir ataques 

O veterinário Rogério Aparecido Longo diz que há como prevenir ataques provenientes de cães e gatos. "Se você não conhece o cão ou gato e vai querer agradar, não é uma boa ideia.  

Esse animal pode estar sentindo algum tipo de dor, ter passado por uma história de ter apanhado e atacar", orientou. No caso de tentar apartar brigas entre animais, a indicação é utilizar algum instrumento ou objeto para não colocar a mão e o braço diretamente. "Pode ser usado um cabo de vassoura ou um rodo para tentar separar", sugeriu.  

Outra dica que considera importante é, em caso de chegar um novo cão ou gato, notar o comportamento do animal antigo após a chegada do companheiro. "O novo animal deve ser apresentado sempre de longe, e o dono deve ficar atento à reação de como o animal antigo vai se comportar. Se o cão antigo abanar o rabo e se aproximar, por exemplo, é um bom sinal", concluiu.  

Susto dentro de casa: A promotora de vendas Luciana Túbero foi mordida e sofreu arranhões ao separar briga das cachorras Mel e Nina (Foto: Weber Sian / A Cidade)



    Mais Conteúdo