Jovem de 23 anos comprou moto no ano passado e hoje chega mais rápido ao trabalho
A cuidadora de idosos Letícia Deleigo, 23 anos, engrossou a lista dos usuários que deixaram de passar nas catracas diariamente. No final de 2017, ela substituiu os ônibus pela compra de uma moto.
Letícia explica que o transporte era "organizado" e que usava o aplicativo CittaMobi para acompanhar os horários e rotas de circulação dos ônibus. Porém o universo sobre duas rodas para ela representa muito mais agilidade e, até, economia.
"Uma das vantagens é que vou de onde eu quero e para onde eu quero. É melhor em termos de não depender de horários dos ônibus. Os gastos são menores comparados ao que eu gastava antes, usando o transporte coletivo", aponta.
Segundo ela, com o transporte coletivo o trajeto até o trabalho levava cerca de uma hora e dez minutos. Agora, com a moto, faz em 25 minutos.
(Colaboração: Neto Túbero)
Segundo Otávio Cunha, representante da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), o transporte por aplicativos, como Uber e 99, também contribuiu para a diminuição dos passageiros de ônibus. "Pequenos deslocamentos em áreas de adensamento populacional estão sendo cada vez mais realizados por meio desses aplicativos, devido principalmente ao custo e entraves que prejudicam o transporte coletivo urbano", diz. O Uber iniciou as operações em Ribeirão Preto em setembro de 2016.
Corredores exclusivos aumentariam a demanda
Estudo contratado pela Transerp em 2016 apontou que, após a construção dos corredores de ônibus previstos no PAC Mobilidade, a demanda cresceria 4%. Isso, considerando o número total de passageiros de 2018 (inclusive os não pagantes), resultaria em um aumento de 6 mil usuários todos os dias.
Mas, anunciadas pela gestão Dárcy Vera em 2013, as obras até o momento não saíram do papel. O governo Duarte Nogueira promete concluir todos os corredores até o final de 2020, quando encerra seu mandato.
Segundo o consórcio PróUrbano, atualmente a velocidade média dos ônibus é de 18 Km/hora, sendo que a ideal, para as empresas, seria de 25 km/hora.
Em São Paulo, a velocidade média dos veículos nos corredores de ônibus foi de 22 Km/hora no ano passado. Questionado sobre qual seria o aumento de passagens com os corredores de ônibus, o Consórcio PróUrbano afirmou não ser possível mensurar. "Mas com certeza será um grande diferencial, principalmente porque a principal queixa de quem usa o transporte coletivo é a demora e o tempo que passa dentro do ônibus", afirmou o Consórcio em nota.
A Cidade solicitou à Prefeitura os locais e extensão dos corredores de ônibus previstos no PAC. O Palácio Rio Branco, porém, informou que esses dados ainda estão em estudo no projeto executivo.
Passageiros
1,6 milhão é a queda registrada no número de usuários desde 2014, em relação ao mesmo período (de janeiro a maio) deste ano