ESPECIAL - Inovar para crescer! (Por Tom Oliveira)  
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"Hoje criamos o mundo do futuro". Frases como essa, escritas em inglês, se espalham pelas paredes onde eles, de fato, pensam a tecnologia que te ajudará a se mover pelas ruas, a vender melhor seu produto ou a aprender coisas novas. O inglês não é à toa. A língua considerada universal te lembra a todo instante: você pode estar em Araraquara, mas o foco do que você faz está no mundo todo.  

A verdade é essa: não há mais limites que te impeçam de trabalhar, em Araraquara, para empresas localizadas nos Estados Unidos, na China ou Europa. Jovens talentos daqui recém-formados ou ainda estudantes - ganham salários que, no Brasil, é coisa de diretor de empresa. É a nova economia. É o novo mundo.  

Tão conservadora no passado, Araraquara vive um boom de empresas de tecnologia e de startups, que, resumidamente, são negócios criados com baixo investimento inicial, mas com a intenção de crescimento rápido. Por isso, o ramo da tecnologia é ideal para isso. Muitas vezes, a única matéria-prima que se usa é o conhecimento em códigos de programação. Grande parte desses startups cria os aplicativos que você baixa e usa no seu celular ou computador, por exemplo.  

Nova relação com o trabalho
A cidade, que já conta com grandes empresas de tecnologia, vê um novo modelo de trabalho crescer. Muita gente passa pela Avenida Sete de Setembro e não imagina o que há por trás das paredes da Global Labs. Ali, muita gente se dedica a criar e desenvolver startups de tecnologia. Lá impera o modelo coworking. Não conhece a palavra? Fique tranquilo! São espaços onde profissionais e empreendedores dividem o ambiente físico para reduzir custos e ganhar com a troca de experiências. O cafezinho ali pode se tornar uma das horas mais produtivas.  
 

Mais de 500 pessoas trabalham na Global Labs desenvolvendo projetos variados, todos voltados para a área de tecnologia. A ideia é que o networking a rede de contatos que se tem ali dentro ajude a contribuir com ideias e soluções para o desenvolvimento de todos.  

"Nosso objetivo é conectar pessoas de diferentes áreas para algo maior. Queremos conectar estudantes, empreendedores e criar um ecossistema de inovação e comunidade", explica Pablo Zaniolo, de 23 anos, e líder de um projeto de ferramenta digital que já emprega sete pessoas.  

Com salas de trabalho nomeadas por cidades ao redor do mundo, o ambiente é recheado de cores. Sim, ali há uma sala de jogos com videogame e mesas de sinuca, algo comum em empresas de Tecnologia de Informação e que não podia faltar. Mas isso só aumenta a criatividade e o desempenho, garantem todos ali dentro. Então ninguém duvida.  

Criações de Araraquara
Dentre essa gama de iniciativas desenvolvidas em Araraquara e com crescimento exponencial há a Academia PME, uma plataforma digital de ensino à distância voltada para empreendedores e profissionais ligados à tecnologia, marketing e vendas, gestão e finanças. É como se fosse uma Netflix, mas com videoaulas educativas.  

A ideia é ensinar por meio de estudos de casos de sucesso desenvolvidos por empresas parceiras. E tem dado certo. Com poucos meses de vida, a startup emprega dez funcionários em Araraquara e, nesse momento, mais de 2.500 alunos em todo o País usam a plataforma criada há menos de um ano.  

Outra iniciativa, lançada no mercado há quatro meses, é a Mupper. Nada mais é que uma ferramenta de análise de dados do Facebook e que ajuda pequenas e médias empresas a encontrar o cliente certo e, assim, vender mais.
A startup conta com vários clientes espalhados pelo interior paulista e já gera sete empregos. É mais gente empregada que muita empresa com décadas de existência. "O Mupper é uma solução escalável, ou seja, pode crescer para o Brasil, América Latina e o mundo todo. Não tem limite. A gente desenvolveu a ideia desde o começo aqui em Araraquara", destaca o mesmo Pablo Zaniolo, CEO (gestor) da empresa.  

Campo para empreendedores
No ramo digital ou não, empreender é sempre identificar um problema e buscar solucioná-lo. Foi assim que surgiu a Lady Driver, um aplicativo para celular parecido com o Uber, mas criado para passageiras e motoristas mulheres. A ideia nasceu após uma das sócio fundadoras ter sido vítima de assédio em uma corrida de táxi. Hoje, a demanda pelo aplicativo praticamente dobra a cada mês. Apesar de ter escritório na capital, é em Araraquara que a equipe desenvolve e opera o aplicativo, disponível para iOS e Android.  

Hoje a Lady Driver atua em São Paulo e Rio de Janeiro, os dois maiores mercados para esse tipo de app, mas já há um projeto ambicioso de expansão para outras capitais e grandes cidades brasileiras. Ainda não tem data para início da operação por aqui, mas não deve demorar. "Esse mercado de mobilidade tem ganhado uma dimensão muito grande. Todos os serviços semelhantes estão se expandindo porque existe um mercado", lembra Oswaldo Maurício, CTO (chefe de tecnologia) da Lady Driver.  
 

Vamos exportar tecnologia?
Para Iglá Generoso, sócio da Global Labs, toda empresa do futuro terá base tecnológica e é preciso investir agora para que os recursos financeiros do futuro estejam concentrados em Araraquara, movimentando a economia local e remunerando os jovens talentos daqui. Quando se assiste a um filme (via streaming) ou realiza transações pela internet, o dinheiro, normalmente, vai para outras cidades ou até mesmo outro País. Ou seja, você deixa de criar renda na cidade em que vive.  

Para ele, Araraquara precisa avançar para desenvolver uma conexão mais forte entre a faculdade, o poder público e as empresas. "Imagine se a gente começasse a criar mais oportunidades para os jovens daqui? Precisamos estar preparados para essa nova economia digital. Se não os empregos serão abertos lá fora", pontua, questionando: "o que será de Araraquara?".  

Nova comunidade
Generoso crê no avanço da criação de uma comunidade de desenvolvimento e treinamento de jovens talentos locais. "É possível hoje um jovem de 22 anos trabalhar daqui de Araraquara empresas localizadas nos Estados Unidos, Europa, ou até mesmo a China. Somente através da capacitação e desenvolvimento de talentos, abre-se portas para isso".  

Oswaldo Maurício, da Lady Driver, compartilha deste caminho. Ele aposta no crescimento deste Parque Tecnológico em Araraquara, mas lembra que, em comparação com outros municípios, a Morada do Sol ainda segue em baixa velocidade. "É preciso uma união de forças daqui para frente para que isso faça sentido e possamos avançar". Até porque, segundo eles, mão-de-obra qualificada existe e o município pode ser mais tecnológico. Ou seja, para crescer é preciso inovar e vice-versa. Partiu, Araraquara do futuro? Essa galera já partiu!