Elas se casaram ano passado e encaram todos os dias os desafios de manter uma relação homoafetiva
O dia 21 de janeiro de 2017 foi especial para a técnica de laboratório Jaqueline Mendonça, de 45 anos, e a técnica em enfermagem Jéssica Mendonça, de 25. "Nunca quis me casar antes, mas com a Jéssica é tudo diferente. É um sentimento que a gente nunca viveu antes", emocionou-se Jaqueline em entrevista ao ACidadeON dias antes do casamento.
Um ano e quatro meses depois elas abriram as portas de sua casa para falar sobre as alegrias e desafios de uma vida conjugal entre pessoas do mesmo sexo. O que elas destacam é que, apesar do preconceito visível, as demonstrações de carinho e respeito também crescem e vem de todos os lados.
"Há muitos anos era mais complicado. A gente sofria esse preconceito, mas não tinha essa visibilidade que se tem hoje, com as redes sociais e com as relações homoafetivas mais presentes nos meios de comunicação. A gente se escondia através de relacionamentos mais convencionais. Hoje se vê um preconceito um pouco menor", comenta Jaqueline.
Mas é claro que elas também já sofreram com o preconceito, que vem de várias formas. Até mesmo por estranhos que passam de carro e pronunciam xingamentos a elas somente por estarem caminhando de mãos dadas. "Quem nos ofendeu foi um homem. Infelicidade é dele", comentam, sobre o caso mais recente.
Até mesmo a mãe de Jéssica, casada com outra mulher há duas décadas, tinha medo da decisão da filha. "Os pais têm esse medo por conta do preconceito das outras pessoas. É medo dos outros", lembra Jaqueline.
Mas o que elas preferem falar mesmo é dos familiares, amigos e colegas de trabalho, apoiadores de longa data do relacionamento. Jaqueline cita o filho, Matheus, hoje com 23 anos, e que desde muito cedo sempre esteve ao lado da mãe, apoiando as escolhas dela.
E é o que deve ser. "Sou um ser humano que ama outro ser humano. É o nosso amor que conta. Eu quero respeito. Da mesma forma que eu dou respeito a outros casais", diz Jaqueline.
Dia internacional
O dia 17 de maio é considerado o Dia Internacional Contra a Homofobia e celebra a data em que a homossexualidade foi excluída da Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, em 1990.
Apesar de estar fora há da lista há quase 30 dias, as pessoas homoafetivas seguem lutando pelo fim do preconceito e por direitos iguais, como o de se casar.