Grupo de homossexuais afirmam que foram xingados em praça pública pela mãe de deles; 'vocês vão queimar no inferno', teria dito a acusada
O pet stylist D. F. H. S, de 21 anos, e os seus amigos sentiram o peso da palavra homofobia - atitudes discriminatórias a homossexuais - neste domingo (13), em uma praça pública da rua General Câmara, no Ipiranga, zona Norte de Ribeirão Preto.
Por volta das 21h30, o jovem, namorado e mais três homossexuais teriam sido xingados e ameaçados pela mãe de um deles, quando conversavam na praça pública.
O motivo das agressões verbais e das ameaças seria porque a mulher rejeita a orientação sexual do filho e não suporta que ele tenha amizade com outros gays.
Segundo os jovens, a mulher evangélica teria ido até a praça em que eles estavam e aos berros teriam gritado: "Vocês vão queimar no inferno" e ainda falado que iria orar para Deus os matarem.
"Ela fez a gente passar muita vergonha. Foi uma humilhação", disse. "O filho dela já tem 22 anos e se assumiu (ser homossexual) faz tempo. Ela persegue o filho", afirmou um deles ao ACidade ON.
As agressões verbais só teriam parado quando a mulher viu o filho ir pra casa. Segundo o entrevistado, as pessoas que estavam na praça teriam ficado chocadas com o ato de discriminação.
"Todo mundo me conhece no bairro. Cresci aqui e nunca sofri esse tipo de preconceito. Foi muito ruim", disse. "Fiquei bastante triste e a gente não teve quase reação nenhuma".
Os garotos, com duas amigas, foram até o 1° Distrito Policial, e registram boletim de ocorrência de injúria. Eles afirmam que ainda vão acionar a Defensoria Pública para entrar com processo contra a mulher. "Não podemos deixar isso impune, porque se não, ela nunca vai parar", disse. "Não iremos ficar calados e não estamos com medo".
A mulher já teria feito outros escândalos na casa do pet stylist por causa da amizade com o filho dela. "Ela segue direto o filho dela. Quando ele vai na minha casa, o pai vai atrás para ver se está lá mesmo".
Homofobia
"A sociedade valoriza o comportamento heterossexual. Desde as falas, gestos, roupas e olhares, que estão sobre o controle e vigilância desde o nascimento", explica o sociólogo Wlaumir Souza.
O sociólogo orienta vítimas de homofobia, seja caracterizada pela agressão verbal ou física, a denunciar o caso aos órgãos oficiais. Segundo ele, só por meio dessas denúncias é possível ter a real estatística da homofobia no Brasil, o que pode resultar, na implementação de legislação de defesa à diversidade.
"Buscar apoio nos grupos organizados e na OAB, apoiar a questão do estudo das questões de gênero e etnia nas escolas básicas, como meio de superar a discriminação e o preconceito", finalizou.
(Germano Neto com supervisão de Rita Magalhães)