O primeiro dia após o final da greve de 10 dias dos servidores municipais, ontem (20), foi marcado por postos de saúde cheios e escolas vazias.  

Na UBS (Unidade Básica de Saúde) da Vila Albertina, na zona Norte, grande parte dos pacientes que aguardavam atendimento pela manhã queria remarcar consultas ou exames. Médicos atenderão mais pacientes no horário de trabalho para dar conta da demanda produzida pela greve.  

Por outro lado, na escola Virgílio Salata, no Alto do Ipiranga (zona Oeste), somente 30 dos 250 alunos que deveriam ser atendidos no período da manhã voltaram às aulas, ou seja, pouco mais de 10% do total (leia mais abaixo).

Casos
A dona de casa Ana Campos, 51, foi ao posto da Vila Albertina logo cedo para reagendar a consulta com o clínico para o marido, que teve um acidente de caminhão no mês passado e está em casa.  

 Em 21 de março, o marido dela fez uma cirurgia no joelho e segue em acompanhamento. A consulta no posto estava marcada para o dia 16, mas por causa da greve não foi atendido. "Remarcaram para a próxima quinta-feira. Até me surpreendeu, foi rápido, pensei que nem conseguiria remarcar."  
 

O aposentado Sebastião Lavez, 69, também foi ao posto ontem para remarcar consulta cancelada no meio da greve. "Vão me atender agora no dia 26, quebraram meu galho."  

No último dia de greve, anteontem, Sebastião relembrou que foi ao posto em busca de atendimento por causa de uma febre, mas teve de voltar para casa em virtude da paralisação. "Acabei tomando remédio por conta", afirmou.  

Sebastião considera que os servidores deveriam resolver o impasse com a Prefeitura de outra maneira, não fazendo greve. "Tem que melhorar a conversa entre os dois lados e resolver a questão antes de começar a parar o atendimento", defende.  

A vendedora autônoma Neusa Maria de Menezes, 57, tinha consulta marcada no último dia 12, terceiro dia da greve, e conseguiu remarcar ontem somente para o dia 4 de maio. "Uma greve dessas sempre prejudica a gente", declarou. 

 

 

Alunos e pais criticam greve nas escolas 

Aluna do 7º ano da escola Virgílio Salata, Júlia Vitória Paula Santos, 12, ficou dez 10 sem aulas. Ela criticou a greve.
"É ruim porque a gente vai ter que repor o conteúdo depois de qualquer jeito. Nos últimos anos, eles têm usado o recesso no meio do ano para fazer a reposição, ou seja, vamos ter menos tempo de descanso", declarou.  

Júlia está há sete anos na escola e, nesse período, diz que passou por, pelo menos, três greves.
A dona de casa Lucina Colsani, 61, também criticou a greve. O neto, de 9 anos, estuda na rede municipal e também ficou 10 dias sem aulas, na casa da mãe, que está desempregada. "Os pais devem ficar em cima para cobrar a reposição. Não é certo, a greve atrapalha todo mundo."  

Segundo a Secretaria Municipal da Educação, o Conselho de Escola de cada unidade deverá elaborar o calendário de reposição, em até 30 dias, e enviá-lo à secretaria para homologação, de forma que seja inserido no calendário escolar para cumprimento dos 200 dias letivos. A greve prejudicou, pelo menos, 13 mil alunos. 

  
Greve suspende 821 atendimentos no Daerp 

Por meio de nota, o Daerp (Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto) declarou que a greve não permitiu a realização de 821 atendimentos. O setor mais prejudicado foi o de hidrometria (conserto e troca de hidrômetros), com 313 notas não realizadas.  

Em segundo lugar foi o reparo de vazamentos, sendo que 280 serviços do tipo deixaram de ser feitos. Além disso, 135 cortes e religações de água foram suspensos, além de 35 ligações, 30 serviços de esgoto e 28 notas referentes a obras gerais. A autarquia não respondeu, porém, em quanto tempo haverá regularização, mas declarou que parte do serviço atrasado já foi feita.