Biometria facial da Transerp suspende 12 mil cartões de usuários

20/03/2018 08:00:00

Aparelhos instalados próximos às catracas verificam se o usuário é o real proprietário do cartão de transporte

Ônibus: Usuários passam por verificação de amostragem no sistema de biometria instalado (foto: Milena Aurea / A Cidade - 19.jul.17)

O sistema de biometria facial bloqueou 12,2 mil cartões e suspendeu 529 benefícios, como passe livre para idosos e estudantes, desde setembro de 2015, quando foi implementado nos ônibus de Ribeirão Preto.  

Com o programa, os "janelinhas", que fraudavam as catracas vendendo cartões utilizando o bônus da integração, deixaram de existir. Somente no ano passado, em média, 18 cartões foram bloqueados ao dia.  

A biometria facial, instalada próxima à catraca, fotografa a pessoa para verificar se ela é, de fato, a titular do cartão de ônibus. Se não for, na próxima viagem que o cartão for utilizado o sistema emitirá um comunicado para comparecer a uma unidade da Transerp, caso contrário ele será bloqueado.  

O objetivo principal é evitar que cartões com benefícios de gratuidade sejam utilizados por terceiros, ou que a integração fosse desvirtuada.
 
Ela deveria servir para utilizar mais de uma linha de ônibus para chegar a um destino, mas se tornou um negócio em horários de pico.

Aleatório  

Apesar da fiscalização, A Cidade realizou nos últimos dois meses dez viagens, com integração, utilizando cartões de terceiros. Em nenhuma a biometria acusou irregularidade.  

O assessor técnico da Transerp, José Mauro de Araújo, explica que a biometria fiscaliza por amostragem. Diariamente são realizadas cerca de 60 mil viagens utilizando integração ou benefícios, mas apenas 20% são analisadas.  

"Não há, no País, uma cidade que consiga analisar 100% das passagens. São muitas imagens, sobrecarregaria o sistema", afirma José Mauro.  

Em 2017, de acordo com a Transerp, a biometria realizou a captura de 4,2 milhões de imagens. Em média, 11,5 mil ao dia.
Devido a possíveis irregularidades, o sistema emitiu 14,4 mil notificações aos portadores dos cartões, que tiveram que comparecer à Transerp.  

Sobre as viagens da reportagem, Mauro explicou que, se o uso fosse contínuo, uma hora o sistema encontraria a irregularidade.  

Entenda como funciona a biometria facial (Arte / A Cidade)

Fiscalização acaba com janelinhas 

Os "janelinhas" tinham lucro fácil nos pontos de ônibus de maior circulação. Eles vendiam os cartões por até R$ 0,50 mais barato que a passagem convencional. Após o comprador passar pela catraca, devolvia o cartão pela janela daí o apelido.   

Como a integração permite outras duas viagens gratuitas em duas horas, o cartão era vendido outras duas vezes naquele período.  

Nas estações da Praça das Bandeiras, no Centro, era comum ver até cinco janelinhas em horários de pico. A demanda era alta, com vendas a cada ônibus que encostava.  

A prática dava prejuízos ao Consórcio PróUrbano: com ela, três viagens eram feitas, mas apenas uma era cobrada.  

A realidade, agora, mudou: A Cidade percorreu os principais pontos do Centro e não encontrou mais janelinhas. "Faz mais ou menos um ano que eles foram embora", diz uma usuária de transporte coletivo.  

Cadastro  

295.082 cartões com identificação nominal estão cadastrados na Transerp. Cerca de 99% deles estão com a biometria realizada. Os demais, de acordo com o órgão, foram suspensos temporariamente por não ter imagem cadastrada. 

Investimento  

R$ 550 mil é o montante que o Consórcio PróUrbano investiu no sistema de biometria facial, segundo reportagens do A Cidade à época.



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