Acidentes de trânsito custam R$ 3,95 milhões ao SUS

16/03/2018 08:02:00

Entre novembro de 2016 a novembro de 2017, foram 1.972 internações registradas em Ribeirão Preto

Acidente trânsito (Amanda Rocha/ACidadeON)

As internações hospitalares decorrentes de acidentes de trânsito consumiram R$ 3,95 milhões do SUS (Sistema Único de Saúde), em Ribeirão Preto, entre novembro de 2016 e novembro de 2017. É o que mostra o boletim Saúde, do Ceper (Centro de Pesquisa em Economia Regional), com apoio da Fundace (Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia).  

No período, foram 1.972 internações provocadas por acidentes terrestres, sendo que destas, 1.524, que correspondem a mais de 75% das vítimas, eram do sexo masculino. Desta forma, o custo médio por pessoa chega a R$ 2 mil.  

Ainda segundo o boletim, os mais afetados nos acidentes terrestres são os motociclistas, que correspondem a aproximadamente 65% das internações hospitalares do SUS, seguidos pelos pedestres e ciclistas, que juntos somam 20% dos casos.  

Este é o caso do auxiliar de audiovisual Sebastião Correa, de 25 anos, que já sofreu mais de um acidente de moto na cidade. "Em um deles, em 2016, precisei ficar internado durante uma semana e afastado do trabalho por nove meses", conta. "O acidente aconteceu no Jardim Paulista, quando um carro avançou o sinal de pare e me pegou", lembra.

Falta estrutura  

Para os especialistas, os números relativos às internações são altos, visto que a maioria dos acidentes poderia ser evitada.
"A falta de ciclovias, de estrutura e sinalização para pedestres, bem como a falta de educação para o trânsito têm impacto direto nestes números", afirma André Lucirton Costa, pesquisador da Fundace e coordenador do boletim.  

Além disso, Costa frisa que há visíveis desrespeitos às regras de trânsito em Ribeirão Preto e imprudências que colocam vidas em risco. "Não se dá preferência aos pedestres em faixas de segurança como se faz em outras cidades brasileiras e no mundo, há dificuldades e pouca estrutura para ciclistas, falta de fiscalização para o consumo de álcool, dentre outros itens que podem provocar acidentes, colocando a vida, principalmente de jovens, em risco", reforça.  

Por outro lado, o estudo aponta que, segundo os dados do SIH (Sistema de Informações Hospitalares), apenas 1,8% dos internados chegam a morrer, justificando, em partes, o alto investimento nas internações bancadas pelo SUS.   

Números de internações (Fonte: Ceper/Fundace elaborado com os dados do DATASUS. Jan./2018)
Mortes por acidente de trânsito (Fonte: Infosiga-SP)

Mortes no trânsito  

O número de motociclistas mortos no trânsito de Ribeirão Preto saltou de 26 para 44 de janeiro a dezembro do ano passado em comparação com o mesmo período de 2016 um crescimento de 70%.  

O número equivale a 47% do total dos 92 óbitos registrados no trânsito no ano passado; 85% das vítimas são homens.
É o que revela o Infosiga, banco de dados do governo estadual com informações de acidentes registrados nas vias urbanas e nas rodovias que cortam o município.  

O número geral de mortos no trânsito de Ribeirão Preto também cresceu. Segundo o Infosiga, 92 pessoas perderam a vida em 2017, ante 82 mortos em 2016 um aumento de 12%.  

A estatística do município vai na contramão do Estado de São Paulo, que nesse mesmo período registrou uma discreta queda, de 1,4%. "Isso mostra que Ribeirão Preto está devendo no quesito prevenção de acidentes", resume Luiz Gustavo Correa, especialista em planejamento e gestão de trânsito. (Lucas Catanho) 

Principais vítimas  

De acordo com o boletim Saúde do Ceper/Fundace, os acidentes de trânsito com vítimas que necessitam ser internadas pelo SUS afetam mais pessoas jovens, de 19 a 39 anos, do sexo masculino e motociclista.  

Destes, os jovens entre 20 e 29 anos são os maiores afetados em números de internações causadas por acidentes em Ribeirão Preto, representando 29,5% das internações no SUS.  

Já os outros grupos mais afetados são os adultos de 30 a 39 anos e 40 a 49 anos, que representam 22,26% e 14,45%, respectivamente.  

"A educação no trânsito em Ribeirão Preto existe, porém ainda é tímida. Há programas voltados às crianças, mas quem está morrendo no trânsito são os jovens motociclistas. Assim, é necessário ter ações específicas voltadas a eles", conclui o especialista em planejamento e gestão de trânsito Luiz Gustavo Correa. 

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