Moradora reclama de espera por consulta de especialista

Pegando ‘carona’ na fala do vereador Gerson da Farmácia (PMDB), que bateu boca com um araraquarense que assistia à sessão, na última terça-feira (1o), e afirmou que os descontentes com Araraquara devem se mudar de cidade, a Tribuna visitou alguns bairros para mapear quais problemas poderiam, sim, deixar Araraquara, como ruas sem asfalto e sem sinalização, falta de médico e áreas em que há consumo constante de drogas.

Há 20 anos, por exemplo, os moradores do Cidade Jardim aguardam o asfaltamento das vias. Apesar de pagarem IPTU, eles ainda não viram a “cor” do asfalto.

Outro item apontado foi a falta de sinalização da entrada do Parque São Paulo, onde a via de mão dupla não conta com linhas de divisão de fluxo ou sinalização horizontal.

Na saúde, o problema está na demora no agendamento com médicos especialistas da rede básica. Também há anos, a Casa Cairbar Schutel fecha o mês no negativo e depende cada vez mais do apoio do poder público. O último apontamento feito pela população foi o uso de drogas, em especial em bairros mais afastados, como Jardim das Hortênsias.

Outro lado - De acordo com a Prefeitura de Araraquara, muitas mudanças já foram ou estão sendo feitas. 

Com pouco mais de 4 mil moradores, o Jardim das Hortênsias convive de perto com o uso frequente de drogas

Falta de asfalto - No Cidade Jardim, a moradora Maria de Fátima da Cruz dos Santos, de 58 anos, conta que nasceu aqui e ama Araraquara. Ela chegou a morar em outra cidade, mas retornou. “Moro no Cidade Jardim há nove anos e, desde então, aguardo o asfaltamento das ruas do bairro. Aqui, quando chove, fica com muita lama e, quando está seco, muita poeira. Os buracos são um grande problema, além da falta de calçadas e mato alto”, explica Maria de Fátima.

Resposta - O secretário de Obras e Serviços Públicos, Valter Rozatto, afirma que há 30 dias recebeu uma emenda parlamentar no valor de R$ 493 mil. “O valor será aplicado no asfaltamento de seis quadras. Encaminhamos o projeto para a Caixa Econômica e só estamos aguardando o retorno para dar início às obras”, explica. Rozatto conta ainda que o Governo aguardava pela liberação dos R$ 5,8 milhões do PAC, dos quais R$ 2,5 milhões seriam destinados ao Cidade Jardim, mas a verba ainda não chegou.

Cadê a sinalização? - Há mais de dois anos moradores do Parque São Paulo, como o funileiro Odéssio Aparecido da Silva Moura, de 40 anos, aguardam a sinalização horizontal e vertical da via. “Aqui é uma via de mão dupla, e os acidentes são constantes, sendo que já tivemos dois fatais, um em 2013 e outro no ano passado. Eu mesmo já tive de chamar a polícia quatro vezes para os acidentes aqui, sendo que, em um deles, um dos veículos chegou a invadir meu estabelecimento”, conta.

Novidade - Segundo o coordenador de Mobilidade Urbana, Coca Ferraz, a assinatura de um novo loteamento, nesta semana, rendeu uma contrapartida ao Município. “Investiremos cerca de R$ 400 mil nas ruas do Parque São Paulo. Vamos duplicar essa entrada principal e fazer a sinalização. Além disso, vamos ainda remodelar as avenidas Albert Einstein e a Galileu Galilei.”

Demora no médico especialista - A faxineira Patrícia de Almeida, de 38 anos, explica que espera há três meses por uma consulta com um ortopedista. “Fiz um exame que me disseram que demoraria um ano para ser marcado. Fui direto na Secretaria de Saúde e consegui marcar em apenas 20 dias. Mas faz três meses que tento marcar o retorno, para que o médico veja os exames”, conta Patrícia.

Concurso - A Prefeitura de Araraquara realizou concurso em agosto destinado a contratação destes profissionais, e nele foram oferecidas vagas para médicos horistas e mensalistas de diversas especialidades para atuarem nas unidades básicas de saúde e unidades especializadas. O concurso público está na fase de entrega de títulos, e o edital está disponível no site da Prefeitura de Araraquara.

Ajudinha - A Secretaria de Saúde realiza repasses maiores para que os atendimentos não sejam interrompidos. Outra proposta em análise é a parceria na residência terapêutica. A próxima reunião da Aprec (Associação dos Prefeitos da Região Central) deverá contar com a participação do secretário estadual da Saúde, David Uip, para discutir, entre outras questões, a situação do Cairbar Schutel.

ONG - Fechando os meses no vermelho, a Casa Cairbar Schutel busca alternativas para manter-se aberta. “Hoje, nossa receita é de R$ 228 mil e mais R$ 16 mil de telemarketing. Só com folha de pagamento são gastos quase 80% desse total. A Casa nunca deu lucro, mas, desde 2013, as dificuldades vêm se acentuando. A Secretaria de Saúde tem nos ajudado muito, mas ainda há muito a fazer, como colocar em debate alguns projetos interessantes”, conta o coordenador administrativo, Paulo Sérgio Martins.

Combate - A Secretaria Municipal de Assistência tem realizado uma série de estratégias para o aprimoramento das políticas contra as drogas. No Hortênsias, desde 2013, têm sido realizadas palestras voltadas à prevenção do uso nocivo de drogas para jovens e adolescentes participantes de programas, atingindo nesses encontros centenas de pessoas de diversas faixas etárias.

Drogas - Com pouco mais de 4 mil moradores, o Jardim das Hortênsias convive de perto com o uso frequente de drogas. Em meio à mata que fica em torno do bairro, é possível encontrar pontos e mais pontos de tráfico de uso de drogas, em especial crack, que atraem dependentes químicos de diferentes regiões da cidade.