Vila concentra a maior parte dos "elefantes brancos"

28/04/2015 08:55:00

Grandes prédios, que já fizeram a "alegria" de Araraquara, hoje estão em estado de abandono

Marcos Leandro
O prédio da Minasa foi inaugurado em Araraquara em 1986 e parou de funcionar em 2000. Está desativado, mas pode voltar a funcionar ou transformar-se em outro empreendimento

Grandes prédios, que já foram geradores de empregos e movimentaram a economia de Araraquara, hoje são considerados ‘elefantes brancos’. Em alguns casos, incomodam moradores próximos de onde estão encravados. Levantamento informal da Tribuna identificou cinco casos, e a Vila Xavier é o bairro que concentra a maioria dos prédios.

Com extensão estimada em 364 mil metros quadrados, a Vila tem cenários contrastantes. Há benfeitorias; no entanto, quatro ‘elefantes brancos’ estão no bairro. São eles as extintas fábricas Cargill (rações) e Minasa TVP (maionese), bem como o prédio do Tio Eli e o antigo supermercado Santo Antônio.

Esses prédios, por anos, geraram empregos e valorizaram a região enquanto funcionaram. Dentro do mesmo quadrado na Vila Xavier há três imóveis nesta situação. A Minasa, fundada em Araraquara em 1986, funcionou até o ano 2000 e chegou a gerar 200 empregos.

De acordo com o encarregado da empresa, Adalberto Santos, a fábrica também é proprietária do imóvel ao lado, onde funcionava o supermercado, e toda a área, 50 mil metros quadrados, deve receber em breve um investimento. “Até o final do ano, os prédios podem ser reativados”, afirma.

Marcos Leandro
solução Desativado há oito anos, o Tropical Shopping pode vir a ser espécie de ‘Centralizado’ da Secretaria Municipal da Educação

O prédio do Tio Eli, que atualmente está para locação, realizava bailes. A aposentada Grace Berro, de 77 anos, que mora na Vila Xavier há quase meio século, diz que 20 anos atrás aquela região era diferente. “Eu me lembro muito bem do Tio Eli. Havia bailes, era tudo limpinho, as paredes pintadas. Agora, aparecem ratos, cobras e baratas na minha casa e que vêm de lá”, diz.

Ainda na Vila, há um extenso terreno que pertencia à Cargill. A área está abandonada há cerca de 20 anos, tomada pelo mato e sem iluminação, o que causa transtornos. Porém, a Prefeitura está trabalhando na limpeza do local. “Essa é uma área federal. Uma das soluções encontradas para parar a deposição irregular de detritos seria fazer um estudo para a instalação de um bolsão provisório, que supriria a necessidade da população”, diz o coordenador de Meio Ambiente da Prefeitura, Gelson Dantas.

FUTURO - O antigo Tropical Shopping, no Melhado, desativado há oito anos, tem uma série de problemas. O local está destruído, com vitrines estilhaçadas, o forro de gesso do teto das lojas jogado ao chão, além da presença constante de usuários de drogas e andarilhos. A esperança é que a Prefeitura diz que pretende usar o prédio como sede do Núcleo de Gestão de Suprimentos, Almoxarifado e Transportes.

Marcos Leandro
O prédio da Minasa, que deixou de funcionar em 2000. Hoje conta com dez funcionários que cuidam da limpeza e portaria. Na fábrica, trabalharam 200 pessoas

NÃO VINGOU - Apesar de receber pequenas aeronaves, o Bartholomeu de Gusmão também pode ser classificado de “elefante branco’. Foram investidos R$ 7,8 milhões na reforma do aeroporto para comportar voos comerciais. Desde 19 de dezembro, com o fim das operações da Azul, empresas fecharam as portas e ele está ‘às moscas’.

IRREGULAR - Em nota, a Secretaria de Serviços Públicos informou que o proprietário do imóvel do antigo supermercado Santo Antônio foi notificado para manter o local em ordem. A Minasa TVP está com a situação regular, bem como o prédio do Tio Eli. O prédio da antiga Cargill está sendo limpo pelo Município e já foram retirados de lá mais de 150 caminhões de sujeira; o local deve ser demolido.

Em relação ao prédio do antigo Tropical Shopping, Prefeitura e Ministério Público já se reuniram com os proprietários para pedir soluções à atual situação. O MP abriu uma ação civil pública, e o Município já deu entrada no processo referente à Lei do Abandono. A expectativa é de que, nos próximos dias, os proprietários comecem a limpeza do imóvel. O aeroporto, diz a Prefeitura, está em funcionamento.

PERDEMOS TUDO - Ana Maria dos Santos, dona de casa, 58, mora no Melhado há 30 anos e diz que, quando o Tropical Shopping foi inaugurado, foi como se os moradores tivessem ganhado um prêmio. Porém, ao fechar, acabaram as opção de lazer.



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