Com seis gols marcados na Série A2, Élton encontrou no Batatais a oportunidade de reaparecer no futebol brasileiro (foto: Renato Lopes / Especial)

De Belo Horizonte para o mundo; com uma importante passagem pelo Oriente Médio. Essa é a trajetória do menino humilde que é considerado o maior trunfo do Batatais para vencer o Guarani, na tarde deste domingo, em Batatais, e avançar às semifinais da Série A2 do Paulista. Recordista de jogos e artilheiro do Fantasma na temporada - já fez seis gols -, o meia-atacante Élton está pronto para ir à “guerra”.

Com um passaporte de dar inveja a muitos viajantes, a história da sua vida aconteceu num lugar bem mais distante e temido: o Iraque. Por lá, em sua passagem pelo Zakho Football Club entre 2013 e 2014, Élton encontrou um país assolado por conflitos e viveu momentos de tensão. No entanto, não se arrepende.

“O início foi complicado, tive medo, preferi ficar só na parte do Curdistão, onde não precisava ir até outras partes do Iraque como na capital, Bagdá. Se não fosse a guerra acho que seria um país super desenvolvido e bastante rico, mas infelizmente existem coisas ruins no mundo”, disse o jogador.

Quase três anos depois de deixar o Iraque, o camisa 10 ainda se impressiona com a cultura do país. ”Uma coisa que me chamou a atenção é que antes de rezar eles lavam os pés, as mãos e o rosto. A fé que eles têm e a maneira de rezar é impressionante. Me lembro até hoje do sorriso das crianças”, relembrou.

Com a bola, Élton ganhou respeito, status e dinheiro para oferecer uma boa qualidade de vida à família. “Deus faz as coisas de uma forma que possamos aprender o valor real da vida e da família”, contou o meia de 28 anos.

De volta às origens

Foram seis anos fora do Brasil em uma carreira que também alcançou Sérvia, Espanha e Colômbia. “Amo jogar fora do País, mas vi que atuar no Batatais [pela Série A2] seria uma boa chance de abrir portas no Brasil”, explicou Élton. 

3 MESES

O elenco do Batatais está há 3 meses sem salário. No início da Série A2 os jogadores chegaram a ensaiar uma greve e a não entrar em campo no jogo contra o Taubaté. “Deixar de jogar seria ruim para nós, alguns atletas já vieram sabendo que seria difícil receber”, contou o meia-atacante Élton ao A Cidade.